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Eleições nos EUA: Obama sugere a Biden que reforce estrutura de campanha para vencer Trump

O 'Washington Post' revelou que no encontro, o ex-presidente americano defendeu mais agilidade e autonomia ao comando da candidatura democrata

Eleições americanas: As recomendações de Obama a Biden foram dadas "em um almoço fora da agenda oficial (Mark Makela/Getty Images)

Eleições americanas: As recomendações de Obama a Biden foram dadas "em um almoço fora da agenda oficial (Mark Makela/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 06h46.

Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 11h06.

Preocupado com a provável indicação do ex-presidente Donald Trump para concorrer pelo Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos em novembro, o também ex-presidente Barack Obama sugeriu mudanças sensíveis na estrutura da campanha de reeleição do presidente Joe Biden, seu ex-vice.

Em um almoço na Casa Branca, defendeu mais agilidade e maior autonomia para o comando da candidatura democrata. O jornal Washington Post revelou o encontro e o teor da conversa em sua edição deste domingo. As recomendações de Obama a Biden foram dadas "em um almoço fora da agenda oficial, nos últimos meses". A data exata não foi divulgada pelas fontes próximas dos dois políticos, que preferiram se manter anônimas.

Nas conversas privadas com Biden e com alguns de seus assessores, Obama mencionou a importância de incorporar pessoas capazes de "tomar decisões de alto nível" ou dar mais autonomia para o comando da campanha de Biden em Wilmington, Delaware, seu quartel-general desde os anos 1970, quando se elegeu pela primeira vez senador pelo estado. Obama mencionou David Plouffe, que gerenciou sua campanha de 2008, como exemplo de estrategista sênior necessário na campanha de Biden.

O ex-presidente também destacou o sucesso de sua própria estratégia de reeleição, em 2012 — que envolveu a transferência de assessores centrais da Casa Branca, incluindo David Axelrod e Jim Messina, para o centro nervoso da campanha, em Chicago. Essa seria uma abordagem diversa da adotada pela campanha de reeleição de Biden. O presidente manteve seus assessores mais próximos — entre eles Anita Dunn, Jen O’Malley Dillon, Mike Donilon e Steve Ricchetti — na Casa Branca, embora já estejam envolvidos em todas as decisões-chave da campanha.

Porta-vozes de Obama e da Casa Branca se recusaram a comentar sobre o encontro quando questionados pelo Post.

'Conheça os presidentes'

Além de defender mudanças estruturais na campanha de reeleição de Biden, Obama também tem contribuído para a arrecadação de fundos para seu ex-vice. Até agora, segundo o jornal, foram US$ 4 milhões (R$ 19 milhões) de várias maneiras, incluindo US$ 2,6 milhões (R$ 12,6 milhões) através do concurso "Conheça os presidentes". Nele, doadores têm a chance de encontrar pessoalmente Obama e Biden.

"Colocamos grande ênfase em encontrar maneiras criativas de alcançar novas audiências, especialmente ferramentas que podem estar diretamente relacionadas à mobilização de eleitores ou a ativação de voluntários", disse Eric Schultz, conselheiro sênior de Obama, em um comunicado no verão do ano passado (Hemisfério Norte).

A relação entre Obama e Biden é complexa, marcada por uma forte parceria de trabalho, mas longe de uma amizade íntima. Embora mantenham contato ocasional, alguns aliados de Biden se mostraram céticos em relação às sugestões de Obama sobre a estrutura da campanha, lembrando o apoio anterior do ex-presidente a Hillary Clinton em 2016, em vez de Biden, na disputa interna por sua sucessão. Clinton foi derrotada por Trump.

Trump x Biden

Obama, uma figura de grande influência no Partido Democrata, há muito expressa preocupações sobre a força política de Trump. Ele destaca a lealdade de seus seguidores, a força da mídia conservadora americana e a polarização do país como vantagens do republicano em 2024.

Biden, por sua vez, enfrenta obstáculos em sua campanha pela reeleição. O presidente não conseguiu convencer os eleitores de que a economia está melhorando sob sua gestão. Apesar do crescimento inesperado de novos postos de emprego em dezembro, ele reconheceu na última sexta-feira em um comunicado que "alguns preços ainda estão muito altos para muitos americanos".

Há também questões como o aumento da migração não-documentada pela fronteira com o México, a divisão interna por seu apoio à guerra de Israel contra o Hamas e o bloqueio no Congresso de sua solicitação para mais fundos para a Ucrânia na guerra com a Rússia.

Além disso, Biden é alvo de um processo de impeachment, aberto em dezembro passado, uma iniciativa de deputados do Partido Republicano, maioria na Câmara. A acusação é de que o líder democrata teria usado de sua influência quando era vice-presidente de Obama (2009-2017) para permitir que seu filho, Hunter Biden, fizesse negócios suspeitos na China e na Ucrânia. Porém, aos 81 anos, talvez a maior vulnerabilidade de Biden seja mesmo sua idade, especialmente após uma série de quedas e gafes públicas.

Já Trump, além das investigações na Justiça, incluindo seu envolvimento na tentativa de reverter o resultado do pleito em 2020, enfrenta contestações à sua elegibilidade no Colorado e no Maine. Em decisões similares, com base na Cláusula 3 da 14ª Emenda da Constituição, o ex-presidente foi impedido de participar das primárias republicanas nos dois estados. A defesa de Trump entrou com recursos para reverter as decisões, e, na última sexta-feira, a Suprema Corte dos EUA concordou em analisar o pedido referente ao Colorado, em decisão que deve ser discutida em 8 de fevereiro.

Trump, de 77 anos, está à frente de Biden na maioria das pesquisas, e a aprovação do democrata anda baixa. Sondagens da Gallup têm mostrado uma taxa de satisfação abaixo de 40% para o presidente desde outubro. Uma pesquisa do New York Times/Siena College de novembro indicou que Biden perderia para Trump em cinco dos seis estados-chave disputados.

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