O ex-presidente dos EUA Donald Trump em evento de campanha em Iowa, onde acontece a primeira etapa das primárias republicanas em 2024. Crédito: Anna Moneymaker/ Getty Images via AFP (AFP/AFP)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 6 de janeiro de 2024 às 12h25.
Em nove dias, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrentará um teste decisivo com o início das primárias republicanas em Iowa. Francamente favorito, o bilionário dará mais um passo em sua turbulenta jornada para retornar à Casa Branca, uma das apostas políticas mais surpreendentes da história dos EUA. Mas a grande dúvida -- e expectativa -- sobre Iowa é se algum dos outros seis pré-candidatos republicanos conseguirá despontar e ameaçar a hegemonia de Trump no partido. E, em especial, quem será essa pessoa.
Para Maurício Moura, sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, especializado em eleições globais, e professor da Universidade George Washington, há grandes chances de que o evento em Iowa sele a desistência do ex-governador de Nova Jersey Chris Christe e o bilionário Vivek Ramaswamy. "Podemos sair de Iowa com três pré-candidatos no máximo no partido Republicano para a primária de New Hampshire", afirma.
Embora seja parte das primárias, em Iowa haverá um caucus do partido Republicano. E a diferença importa. "Iowa é um caucus e é importante explicar essa diferença", diz Mauricio Moura. "O método de votação sempre fez com que candidatos nao considerados favoritos tivessem bom desempenho, como Barack Obama em 2008, Ted Cruz em 2016, Pete Buttigieg em 2020."
Um caucus, de maneira geral, é uma espécie de reunião entre os eleitores, que se encontram em escolas, ginásios ou bibliotecas, por exemplo, para debater sobre os candidatos e suas propostas. Neste ano, serão aproximadamente 1.700 locais de votação em Iowa.
Ele lembra que o resultado em Iowa não costuma ser um bom preditor de vencedores das primárias gerais dos republicanos. "Em 2008, venceu Huckabee e candidato foi McCain. Em 2012, venceu Santorum e o candidato foi Romney. Em 2016, venceu Ted Cruz e o candidato foi Trump", diz.
Mas o grande destaque desse primeiro confronto entre os pré-candidatos republicanos pode ser definir quem estará em segundo lugar nas primárias do partido para desafiar o ex-presidente -- e potencialmente ameaçar a supremacia de Trump.
No dia 15 de janeiro, outros seis republicanos tentarão bloquear o caminho do bilionário. Apenas dois parecem ter alguma chance de sucesso: a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, e o governador da Flórida, Ron DeSantis.
Apesar disso, seu nível de aprovação vem caindo, entre outros motivos, por ser considerado pouco carismático. "Trump está bem à frente nas pesquisas em Iowa", afirma Moura. "A briga real é pelo segundo lugar, entre Hailey e DeSantis."
Haley, de 50 anos, é a nova aposta da direita americana. Única mulher na disputa e uma das poucas, entre os demais pré-candidatos, tem entre suas agendas a manutenção do apoio militar e financeiro à Ucrânia.
DeSantis se notabiliza como um conservador com posições radicais sobre imigração e aborto. Em sua corrida à Casa Branca, o governador de 40 anos concentrou todas as suas energias em Iowa, percorrendo cada um dos seus 99 condados. O republicano conta com o apoio de Kim Reynolds, o governador do estado. "Um terceiro lugar representa praticamente sair da disputa. Para ele, é tudo ou nada", afirma Moura.
Nas pesquisas, ambos aparecem com em torno de 11%-12% dos votos, muito longe dos 60% do ex-presidente.
"Caso Haley consiga chegar ao segundo lugar em Iowa, sairá maior para New Hampshire, onde já está consolidada em segundo e pode brigar pelo primeiro lugar", diz Moura, da Zaftra.
As primárias continuarão em New Hampshire, na fronteira com o Canadá, no dia 23 de janeiro. Em fevereiro, será a vez de Nevada e Carolina do Sul -- estado de Haley.
Em Iowa e no restante do país, Trump, com seu faro político, continua a ter uma base muito leal que minimiza seus insultos e problemas com a Justiça.
Trump também conta com um exército de voluntários que há meses percorre todos os cantos desse estado agrícola, distribuindo panfletos, cartazes e seus famosos bonés vermelhos.
Os postulantes à indicação do Partido Republicano à Presidência dos EUA começam sua campanha bem antes da disputa oficial. Na Convenção Nacional Republicana, delegados de cada estado indicam para votar quem eles querem como candidato do partido — e o vencedor disputará a presidência do país.
Antes dessa decisão, uma grande disputa acontece dentro do partido. Até aqui, diversos pré-candidatos já saíram do páreo. O próximo grande embate acontece na próxima quarta-feira, 6, no debate que acontecerá na Universidade do Alabama em Tuscaloosa.
Em 15 de janeiro, acontecerá o primeiro grande teste eleitoral dos postulantes à candidatura pela Presidência no partido Republicano: o caucus republicano do estado de Iowa, que representará a primeira prévia para as eleições presidenciais do ano que vem. A votação ocorrerá na terceira segunda-feira de janeiro, quando será celebrado também o feriado em memória de Martin Luther King Jr.
Pouco mais de uma semana após Iowa será a vez das primárias do estado de New Hampshire. De fevereiro a junho, os outros 48 estados e mais territórios norte-americanos fazem suas primárias. Em março, acontece a Super-Terça (Super Tuesday), quando diversos estados fazem eleições no mesmo dia. Em 2024, essa data acontecerá no dia 5 de março e votarão 12 estados, segundo o site Ballotpedia.