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Eleições no Timor-Leste porão à prova estabilidade do país

A votação contará com 12 candidatos, inclusive o atual chefe de Estado, José Ramos Horta, que tentará renovar seu mandato

Eleitores balançam bandeiras: cerca da metade da população deste país de 1,1 milhão de habitantes foi convocada para dar seu voto


 (Romeo Gacad/AFP)

Eleitores balançam bandeiras: cerca da metade da população deste país de 1,1 milhão de habitantes foi convocada para dar seu voto (Romeo Gacad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 11h15.

Jacarta - Timor-Leste comparecerá neste sábado à urnas para escolher o presidente do país em um exercício democrático que oferecerá uma mostra do grau de estabilidade desta jovem nação que há seis anos esteve à beira de uma guerra civil.

A votação contará com 12 candidatos, inclusive o atual chefe de Estado, José Ramos Horta, que tentará renovar seu mandato de cinco anos.

Cerca da metade da população deste país de 1,1 milhão de habitantes foi convocada para dar seu voto.

A disputa eleitoral não será muito fácil para Ramos Horta, que após fazer uma campanha discreta, pretende ganhar de seus dois principais rivais políticos: o ex-chefe das Forças Armadas José Maria Vasconcelos e o esquerdista Francisco Guterres 'Lu Olo'.

'O êxito das eleições é importante não só para garantir a almejada retirada da missão de paz das Nações Unidas, mas também para que seus dirigentes obtenham a confiança necessária para enfrentar os muitos desafios que existem pendentes', apontou a organização International Crisis Group em um recente relatório.

O instituto de pesquisa política acrescentou que a segurança geral no Timor-Leste melhorou, mas a forte rivalidade política persiste, o desemprego entre os jovens aumentou, sobretudo em Díli, a capital, e a violência por parte das quadrilhas juvenis continua sem solução.

'Ninguém tem certeza de como estes assuntos incidem no confronto político, mas qualquer manipulação destas questões pode se transformar em uma potencial bomba incendiária', aponta o relatório.

Dos aspirantes que concorrem ao cargo, apenas têm possibilidades claras de vitória o atual presidente Ramos Horta, o ex-guerrilheiro Vasconcelos e Guterres, um lendário líder da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin).

Os três são bem conhecidos do eleitorado porque seja do exílio ou na selva lutaram contra a ocupação indonésia do Timor-Leste após a retirada de Portugal, em 1975.


Mas qualquer que seja o resultado das urnas no sábado, ou no segundo turno em 14 de abril, o futuro político da jovem nação dependerá das eleições parlamentares de junho.

Durante a última meia década, Ramos Horta, de 62 anos, ocupou a chefia do Estado e Xanana Gusmão, outra lenda da resistência, desempenhou as funções de primeiro-ministro à frente de um governo de coalizão.

Vasconcelos, de 56 anos e mais conhecido como 'Taur Matam Ruak', dirigiu as Forças Armadas até o ano passado, quando renunciou para concorrer à presidência do país.

O Fretilin de Guterres, partido que governou Timor-Leste de 2002 até a crise de 2006, fez o trabalho de oposição durante esta legislatura, apesar de ter sido a legenda que mais cadeiras obteve nas últimas eleições legislativas, após ter fracassado em suas tentativas de estabelecer a aliança que precisava para a governabilidade.

Estas eleições presidenciais se preparavam para ser uma repetição das realizadas há cinco anos, mas no início de março Gusmão retirou o apoio tácito de seu partido, o Conselho Nacional de Reconstrução do Timor-Leste (CNRT), a Ramos Horta e optou por apoiar publicamente a candidatura de Vasconcelos.

Até então, Gusmão e o presidente tinham formado uma dupla equilibrado na política timorense, só contestada pelo histórico Fretilin.

O primeiro-ministro, que detém uma enorme popularidade por ter dirigido a resistência desde as trincheiras, foi o primeiro presidente do Timor-Leste após a independência, enquanto seu companheiro Ramos Horta ocupou a pasta das Relações Exteriores no Executivo do Fretilin.

Quando o governo do partido caiu na crise de 2006, Ramos Horta ascendeu a primeiro-ministro e no mês seguinte a missão de paz da ONU retornou ao território para ajudar a controlar a violência e organizar as eleições do ano seguinte.

Desde então, a presença das Nações Unidas contribuiu para melhorar a situação, apesar de as velhas rixas políticas persistirem, a população se queixar do aumento da corrupção e o desemprego castigar particularmente a juventude.


O Banco Asiático de Desenvolvimento prevê que o crescimento econômico do Timor-Leste resvelará os 10% em 2012 e também prevê um arrefecimento para o final do ano.

Segundo um estudo da Asia Foundation, o Estado recebe cerca de US$ 275 milhões mensais pela exploração dos recursos petrolíferos do Mar do Timor, fundos que custeiam os orçamentos estatais, mas os analistas alertam que a dependência da matéria-prima pode provocar uma grande instabilidade na empobrecida nação.

Portugal colonizou a ilha do Timor no século 16 e controlou a parte oriental até sua retirada em 1975, momento que o Fretilin aproveitou para proclamar de forma unilateral a independência, em 28 de novembro daquele ano.

Nove dias depois, a Indonésia do general Suharto invadiu o território e o anexou até 1999, quando foi celebrado um plebiscito promovido pelas Nações Unidas no qual os independentistas ganharam.

A independência formal foi declarada em 20 de maio de 2002. 

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