Em 2019, o atual presidente Lenín Moreno foi alvo da maior onda de protestos em uma década. (Daniel Tapia/Reuters)
Thiago Lavado
Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2021 às 10h53.
O Equador sedia neste domingo, 7, as primeiras eleições de 2021 em um país da América Latina. Cerca de 13 milhões de pessoas devem ir às urnas escolher um presidente entre um vasto número de candidatos — são 16 no total —, além de eleger a assembleia nacional, de câmara única, e outros 5 membros para o Parlamento Andino, corpo deliberativo dos países dos Andres, que conta com eleitos ainda de Bolívia, Equador, Colômbia, Peru e Venezuela.
Dentre os 16 candidatos, há um desafio à frente: vencer a apatia e o pessimismo dos equatorianos. Uma pesquisa feita em janeiro pela empresa Click Research mostrou que 44% dos eleitores ainda não haviam definido seus votos. Se nenhum dos candidatos obtiver 50% dos votos ou uma vantagem de 40 pontos percentuais sobre o segundo colocado, um segundo turno deve ser realizado em abril.
Quem quer que saia vencedor do pleito precisa enfrentar graves problemas locais: pesquisas de opinião aponta que as principais reclamações são a crise econômica, agravada pela covid-19, pobreza, dívida, desemprego, corrupção e justiça.
Nas pesquisas, lidera Andrés Arauz (UNES, Uníon por la Esperanza), um político de 35 anos que é considerado o herdeiro do Correísmo. Ele foi ministro durante a gestão de Rafael Correa e simboliza um retorno da centro-esquerda ao comando do Equador, com uma plataforma que pretende colocar o Estado antes das empresas e negócios, distanciar o país de órgãos de crédito internacionais e aproximar de aliados como China e Rússia. Se eleito, Arauz será o mais jovem presidente no país.
As propostas dele são em linha com demandas populares que tomaram as ruas do Equador em 2019, em protestos contra o atual presidente Lenín Moreno — as maiores manifestações populares do país em mais de uma década. Ele perdeu apoio após políticas de alinhamento com órgãos como o FMI, ter findado subsídios de combustível, além de reformas tributária, trabalhista e fiscal.
Em segundo lugar vem um banqueiro tornado político, Guillermo Lasso, que ficou em segundo lugar nas duas últimas eleições presidenciais. Lasso busca unir as elites econômicas do Equador e a centro-direita. Durante a campanha ele prometeu criar 1 milhão de postos de trabalho e dispor um sistema de saúde universal para a população.
Lasso promete uma economia livre, competitiva e solidária, além de renovar a infraestrutura física e tecnológicas das escolas, elevar o salário mínimo e potencializar o turismo.
Ocupando o terceiro lugar nas pesquisas está o candidato de esquerda Yaku Pérez Guartambel, do movimento Pachakutik, que tem uma carreira ligada ao direito dos povos indígenas e à defesa do meio ambiente. Mesmo que ele não chegue ao segundo turno, é possível que seu apoio seja importante para definir o resultado final do pleito.
Com tamanho descredito na população e uma economia que pode ter encolhido até 9% em 2020, os desafios se enfileiram à frente da política equatoriana e qualquer cenário pode sair das urnas no domingo.