Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Miguel Gutiérrez/EFE)
Agência de notícias
Publicado em 27 de julho de 2024 às 06h00.
Abençoado por Hugo Chávez como seu sucessor, Nicolás Maduro governa a Venezuela com mãos de ferro há mais de uma década. Acusado de violar direitos humanos, insiste em mostrar uma imagem de homem comum, de "presidente trabalhador".
No poder desde 2013, Maduro buscará em 28 de julho um terceiro mandato de seis anos que o leve a 18 anos à frente do país: seria o chefe de Estado há mais tempo no poder na Venezuela após o ditador Juan Vicente Gómez, que ficou 27 anos (1908-1935).
Alto, com um bigode espesso que exibe com orgulho, o ex-motorista de ônibus e dirigente sindical de 61 anos explora os estereótipos de "homem do povo", de "presidente trabalhador", como gosta de ser chamado, para seu benefício político, evocando um passado de vida simples em longas noites televisionadas com Cilia Flores, sua esposa e "primeira combatente", muito poderosa nos bastidores.
Formado em Cuba, a cultura de Maduro, que foi parlamentar, chanceler e vice-presidente de Chávez (1999-2013), vai muito além do volante do ônibus que dirigiu na juventude.
No domingo, ele enfrenta Edmundo González Urrutia, diplomata de 74 anos inscrito no último minuto para representar María Corina Machado, favorita nas pesquisas, mas neutralizada por uma inabilitação política.
Maduro, chamado por seus críticos de ditador, foi nomeado por Chávez como seu sucessor em 9 de dezembro de 2012, antes de o então presidente viajar a Cuba para continuar o tratamento contra o câncer, que o levou à morte três meses depois.
Subestimado por todos os lados, Maduro neutralizou a resistência ao governante Partido Socialista da Venezuela (PSUV).
Durante seu governo, manifestações maciças foram duramente reprimidas em 2014 e 2017 pelos militares e pela polícia. A Corte Internacional de Justiça abriu uma investigação por crimes contra a humanidade contra o seu governo pela repressão de 2017, que deixou centenas de mortos.
Também soube manobrar entre uma bateria de sanções internacionais após a sua reeleição em 2018, boicotada pela oposição e não reconhecida por cinquenta países.
Sobreviveu a uma crise econômica sem precedentes no país de quase 30 milhões de habitantes, com um PIB que caiu 80% em 10 anos e quatro anos consecutivos de hiperinflação.
Escândalos de corrupção, supostos ataques... e Maduro continua na cadeira presidencial, "indestrutível", como diz o lema de sua animação "Super Bigote", que o representa na TV estatal como um super-herói que luta contra monstros e vilões do Estados Unidos e a oposição venezuelana.
Agora na campanha ele se autodenomina "gallo pinto", uma raça pura e de briga, para parecer forte contra o físico franzino de González Urrutia.
O presidente disse que as Forças Armadas estão ao seu lado e mencionou a possibilidade de um levante militar caso a oposição vença.
Intransigente em seu discurso "anti-imperialista", Maduro soube, no entanto, negociar com Washington. Obteve o levantamento parcial das sanções americanas, revertido após a ratificação, em janeiro, da inabilitação de Machado na Suprema Corte.
Ele conseguiu que os Estados Unidos libertassem dois sobrinhos de sua esposa, condenados por tráfico de drogas, e o empresário Alex Saab, acusado de ser seu laranja e processado na Flórida por lavagem de dinheiro.
Longe do ateísmo que por definição acompanha o marxismo, Maduro procurou aproximações religiosas, especialmente com a Igreja Evangélica, e seu valioso bloco eleitoral.
"Não são páreos para mim nem para vocês porque Cristo está conosco", disse o presidente, que se define como "marxista", "cristão" e "bolivariano".