Mundo

Eleições na Romênia agitam país-chave para a Otan e a Ucrânia

Marcel Ciolacu lidera as pesquisas, mas a ascensão de George Simion, crítico da organização intergovernamental e de Kiev, pode mudar os rumos da Romênia na Europa

Romênia: cartazes eleitorais antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2024 (AFP)

Romênia: cartazes eleitorais antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2024 (AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 24 de novembro de 2024 às 12h29.

Os romenos votam, neste domingo, 24, no primeiro turno das eleições presidenciais que poderiam impulsionar o candidato da extrema-direita e representar uma guinada nacionalista no país, fronteiriço com a Ucrânia e membro da União Europeia e da Otan.

Entre os 13 candidatos está George Simion, líder do partido de extrema direita AUR (Aliança pela Unidade dos Romenos), que capitalizou a irritação dos romenos empobrecidos por uma inflação recorde (10% em 2023, 5,5% previstos em 2024).

As pesquisas lhe atribuem entre 15% e 19% dos votos, o que poderia qualificá-lo para disputar o segundo turno, em 8 de dezembro. A chegada ao segundo turno deste homem, de 38 anos, que costuma dar discursos com tons místicos e conspiratórios, representaria uma reviravolta para o país.

Guerra na Ucrânia chega aos mil dias à espera de Trump e sob ameaça nuclear de Putin

O peso estratégico da Romênia

A Romênia, com 19 milhões de habitantes, tem resistido até agora às posturas nacionalistas de países como a Hungria e a Eslováquia. Neste sentido, as eleições são chave, embora o cargo de presidente seja sobretudo protocolar.

O favorito, no entanto, continua sendo o atual primeiro-ministro, o social-democrata Marcel Ciolacu, de 56 anos. As pesquisas lhe atribuem 25% dos votos.

As seções eleitorais abriram às 07h locais (04h de Brasília) e vão fechar às 21h, quando serão publicadas as primeiras pesquisas de boca de urna.

Fã de Trump

Após dez anos de governo de Klaus Iohannis, fervoroso partidário de Kiev e incansável defensor dos valores europeu, há muito em jogo nestas eleições.

A Romênia, que compartilha 650 km de fronteiras com a Ucrânia e margeia o Mar Negro, tem um papel estratégico para a Otan (abriga mais de 5.000 soldados) e para o trânsito de cereais ucranianos, ressalta o 'think tank' New Strategy Center.

"A democracia romena está em risco pela primeira vez desde a queda do comunismo, em 1989", disse à AFP o cientista político Cristian Parvulescu.

Simion, que às vezes usa um boné vermelho com o nome de Trump, não esconde sua admiração pelo bilionário americano e espera aproveitar o vento favorável aos ultraconservadores.

O político, que defende uma Romênia "mais patriótica", preenche todas as lacunas de uma política nacionalista. É contra a ajuda militar a Kiev, tacha Bruxelas de "bolha corrupta" e se opõe aos direitos LGBTQIAPN+.

Se tiver bons resultados, seu partido, AUR, deveria se beneficiar de "um efeito de contágio" nas eleições legislativas de 1º de dezembro, realizadas entre os dois turnos das presidenciais, prevê Parvulescu.

Polêmicas e ataques pessoais

A campanha presidencial é realizada em um contexto tenso e foi marcada por uma série de polêmicas e ataques pessoais.

O líder da extrema-direita foi acusado de ter se reunido com espiões russos, o que ele nega, enquanto o primeiro-ministro está na alça de mira por polêmicos voos em jatos particulares.

Mas, apesar de sua baixa popularidade, Marcel Ciolacu, que quer projetar a imagem de um homem humilde e autodidata, espera convencer as pessoas com sua mensagem de "estabilidade".

Seu partido, herdeiro do antigo Partido Comunista, marca a vida política do país há mais de três décadas, apesar de sofrer com vários escândalos de corrupção. Atualmente, governa em coalizão com os liberais do PNL.

Na terceira posição aparece Elena Lasconi, uma ex-jornalista de 52 anos e prefeita de centro direita de uma pequena cidade, que poderia surpreender.

Acompanhe tudo sobre:RomêniaEleições

Mais de Mundo

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano