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Eleições na Holanda abrem calendário delicado para a UE

A Holanda, um dos seis países fundadores da UE, transformou-se em um potencial agente desestabilizador do bloco

Geert Wilders: os resultados das eleições desta quarta-feira podem criar uma espécie de "bola de neve" (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

Geert Wilders: os resultados das eleições desta quarta-feira podem criar uma espécie de "bola de neve" (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

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EFE

Publicado em 13 de março de 2017 às 11h46.

Última atualização em 13 de março de 2017 às 11h46.

Bruxelas - As eleições legislativas na Holanda, com a extrema-direita anti-Europa como favorita nas pesquisas, serão o primeiro desafio para a União Europeia (UE), em um ano no qual as eleições na França e na Alemanha, junto à negociação do "Brexit", ameaçam sacudir o projeto europeu.

A Holanda, um dos seis países fundadores da UE, cuja economia crescerá em torno de 2% em 2017 e o índice de desemprego da população ativa cairá até 5,2%, segundo as previsões, se transformou em um potencial agente desestabilizador do bloco.

Não tanto porque o xenófobo líder do Partido da Liberdade, Geert Wilders, lidera as pesquisas de intenções de voto, já que dificilmente deve conseguir formar uma coalizão de governo, mas porque os resultados das eleições desta quarta-feira podem criar uma espécie de "bola de neve" e arrastar os eleitores franceses.

"O verdadeiro desafio é a França, que é um país central" na construção europeia, declarou à Agência Efe Teresa Pullano, professora de Estudos Europeus na Universidade da Basileia (Suíça).

Um bom resultado da extrema-direita populista na Holanda representaria um empurrão eleitoral para a ultradireitista Marine le Pen, favorita no primeiro turno das eleições presidenciais na França de 7 de abril em pesquisas que, a priori, preveem sua derrota no segundo turno seja quem for seu rival em 7 de maio.

Mas é difícil confiar nas pesquisas depois que os institutos não previram em 2016 a vitória do "Brexit" no referendo britânico nem, do outro lado do Atlântico, a vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Hilary Clinton nas eleições dos Estados Unidos.

Em fevereiro, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-ministra de Economia da França, Christine Lagarde, disse estar "preocupada, como todo mundo, com o resultado de algumas das eleições" programadas para 2017 na Europa.

A argumentação de Wilders, que se alinha com as teses de Le Pen e se apresenta como o salvador de seu país perante a ameaça da islamização holandesa, ganha adeptos em um contexto no qual, segundo alertou um recente relatório o Centro Antiterrorista da Europol, o jihadismo segue sendo uma ameaça latente, com a França encabeçando a lista de alvos.

A essa dose de incerteza cabe acrescentar as eventuais tentativas de Moscou de desestabilizar os processos políticos na UE, advertidas diretamente por Paris e perante as quais o governo holandês decidiu contar manualmente os votos nas eleições legislativas, por medo que um ataque cibernético possa alterar a apuração eletrônica.

As terceiras eleições decisivas no ano para o futuro europeu será realizada no dia 24 de setembro na Alemanha, quando a chanceler Angela Merkel tentará renovar seu mandato, após 12 anos no cargo.

Embora a reeleição da "mulher forte" da Europa não esteja garantida, as pesquisas apontam como seu principal rival o social-democrata Martin Schulz, europeísta convicto e presidente da Eurocâmara entre 2012 e 2017, cujo partido faz parte do "grande agrupamento" que governa atualmente a Alemanha.

A seis meses da votação, a direita populista da Alternativa para a Alemanha (AfD) não supera 10% de intenções de voto nas pesquisas, mas espera-se que, quando os alemães forem às urnas, Bruxelas esteja imersa nas negociações com Londres para organizar a saída do Reino Unido da UE, com efeitos ainda imprevisíveis.

Aos mencionados desafios é preciso adicionar a pressão migratória nas fronteiras e mares da UE, que deve aumentar com a melhora das condições meteorológicas, o delicado equilíbrio do governo e do sistema financeiro italiano e a interminável crise da economia grega, além das vozes que voltam a falar de um "Grexit" na zona do euro.

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