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Eleições na África do Sul testam poder do partido governista

O Congresso Nacional Africano (ANC) governa o país e a maioria das 278 cidades, mas nestas municipais enfrenta a Aliança Democrática (DA), principal oposição


	Apoiadores do Congresso Nacional Africano, na África do Sul: durante a campanha, a oposição não hesitou em usar o nome de Nelson Mandela
 (Rodger Bosch/AFP)

Apoiadores do Congresso Nacional Africano, na África do Sul: durante a campanha, a oposição não hesitou em usar o nome de Nelson Mandela (Rodger Bosch/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2016 às 09h18.

Os sul-africanos comparecem às urnas nesta quarta-feira para eleições municipais que representam um teste para o poder do ANC, partido que governa o país, e a oposição tem chances de vitória pela primeira vez em grandes cidades.

Mais de 26 milhões de eleitores devem votar, um número recorde na história da democracia da África do Sul. Os primeiros resultados devem ser conhecidos apenas na quinta-feira.

Todas as atenções estão voltadas para três cidades: Pretória, a capital, Johannesburgo, o coração econômico, e Port Elizabeth, cidade industrial perto do Oceano Índico.

O Congresso Nacional Africano (ANC), partido de Nelson Mandela, governa o país e a maioria das 278 cidades. Mas nestas municipais enfrenta a Aliança Democrática (DA), principal partido da oposição, que já governa a Cidade do Cabo.

"É um dia histórico, é nosso momento. Venham e votem pela mudança", disse Mmusi Maimane, líder da DA depois de depositar seu voto em Johannesburgo.

De acordo com pesquisas do instituto Ipsos South África, a oposição tem grandes possibilidades de vencer pela primeira vez em Port Elizabeth, uma cidade com grande taxa de desemprego (36% contra a média nacional de 26,7%).

A decepção de muitas pessoas com o ANC é grande. Muitas áreas do país continuam sem serviços básicos como água encanada ou energia elétrica. Muitos sul-africanos consideram que os progressos foram escassos desde o fim do regime segregacionista do apartheid, em 1994.

Durante a campanha, a oposição não hesitou em usar o nome de Nelson Mandela, uma figura de consenso, para convencer os eleitores de que o ANC traiu a população.

"Este ANC não é mais o de Madiba (nome do clã de Mandela), não é o ANC pelo qual votei em 1999. É um partido diferente, corrupto e que não se interessa pelas pessoas comuns", afirmou na terça-feira Mmusi Maimane.

Até o momento o ANC mantém a calma e nos últimos dias seus líderes, incluindo o presidente sul-africano, Jacob Zuma, fizeram campanha para transmitir tranquilidade aos eleitores.

"Somos otimistas, conversamos com nossos eleitores e receberam a mensagem. O cheiro da vitória está no ar, eu percebo", disse na terça-feira Cyril Ramaphosa, vice-presidente do governo e do ANC.

"O ANC está sob pressão, mas sempre há um grande número de eleitores indecisos. Não se deve subestimar o partido", destacou Judith February, pesquisadora do Instituto de Estudos de Segurança (ISS).

Os resultados também podem ter o peso decisivo dos votos para os Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF), partido de extrema-esquerda liderado por Julius Malema.

Fundado em 2013 por este ex-líder da juventude do ANC, o EFF disputa pela primeira vez as eleições municipais e deve conquistar alguns votos que eram do partido governista.

Malema não descarta a possibilidade de uma coalizão com outro partido de oposição se o ANC ficar em minoria em algumas cidades.

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