Foram poucos os que quiseram se pronunciar sobre o seu voto, reivindicando o direito de guardar segredo, mas a maioria afirmou ter optado pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (Henri Tabarant/AFP Photo)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2011 às 18h22.
Rabat - Um total de 22,4% do censo eleitoral marroquino tinha votado nas eleições legislativas antecipadas até as 15h do horário local (13h em Brasília), em um dia caracterizado pela ausência de incidentes graves.
Os eleitores, que ao meio-dia eram apenas 11,5% dos inscritos, foram duplicados praticamente três horas depois, de acordo com os números do Ministério do Interior marroquino, que centraliza todas as operações de voto.
Os 38.150 colégios eleitorais de todo o país fecham às 19h, e os dados definitivos de participação só devem ser divulgados várias horas depois. Já os resultados dos diferentes partidos só devem ser conhecidos no sábado.
"Não temos notícia de incidentes maiores até o momento", disse à agência Efe Kamal Lahbib, que preside o Coletivo Associativo para a Observação das Eleições, que tem 3.200 observadores marroquinos em todo o país.
Entretanto, Lahbib lembrou que devem esperar até o fim do dia, incluindo a apuração total, antes de oferecer uma apreciação geral sobre o desenvolvimento das eleições.
Apesar de a agência oficial MAP ressaltar o "interesse manifesto dos cidadãos", jornalistas e observadores mostraram o movimento contínuo nos colégios eleitorais, mas em nenhum caso uma afluência em massa que lembrasse as filas formadas no último mês nas eleições da Tunísia.
Cada eleitor deve escolher em duas listas: uma com a lista local de sua circunscrição e outra para a lista nacional, reservada a mulheres e jovens.
Em seguida, os encarregados pela mesa eleitoral marcam o indicador dos eleitores para que não possam votar novamente, embora muitos saiam do colégio eleitoral esfregando as mãos para tirar a tinta o mais rápido possível.
O ambiente nas ruas da capital não era muito diferente ao de qualquer sexta-feira, e o fluxo nas mesquitas no dia santo muçulmano era muito mais significativo que o registrado nos locais de voto.
A organização islamita Justiça e Caridade, que pediu o boicote às eleições, denunciou em comunicado que os imãs das mesquitas tinham pedido aos fiéis que fossem votar. Mas uma testemunha não confirmou a denúncia à Efe e disse que em sua mesquita não fizeram alusões a respeito, embora não soubesse o que aconteceu em outras.
A Justiça e Caridade também denunciou "o transporte coletivo" de eleitores com veículos colocados pelo Ministério do Interior, prática que costuma ser registrada quase em toda eleição.
Os partidos políticos mobilizaram vários interventores nos colégios eleitorais da capital, particularmente o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (islamita), que é apontado como favorito, mas na periferia rural de Rabat somente havia um interventor de um partido majoritário.
Foram poucos os que quiseram se pronunciar sobre o seu voto, reivindicando o direito de guardar segredo, mas a maioria afirmou ter optado pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD).
Um homem de 53 anos que foi eleitor da União Socialista no passado disse ter optado pelo PJD, apesar de não ser islamita, por "acreditar na democracia". Sua filha de 18 anos vota pela primeira vez, e com a cabeça descoberta também optou pelo mesmo partido por causa de suas mensagens na televisão.
Se o PJD ganhar as eleições, o rei Muhammad VI tem teoricamente a obrigação de encarregar o governo ao partido, de acordo com o novo texto da constituição aprovada em 1º de julho, após a chamada "primavera árabe".