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Eleições EUA: Doadores democratas reterão US$ 90 milhões enquanto Biden permanecer na disputa

Congelamento do dinheiro ocorre no momento em que assessores do presidente discutem como persuadi-lo a sair da disputa, e sua campanha começa a testar a vice-presidente, Kamala Harris

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Saul Loeb/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 12 de julho de 2024 às 15h29.

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Se depender de alguns dos principais doadores democratas, a campanha presidencial poderá ter um déficit de ao menos US$ 90 milhões (quase R$ 500 milhões na cotação atual) em sua arrecadação. O valor, prometido ao Future Forward, o maior comitê de ação política (super PAC) do partido, será retido enquanto o presidente Joe Biden continuar sendo o candidato à Presidência dos Estados Unidos nas eleições de novembro, disseram duas pessoas informadas sobre as conversas.

As doações congeladas incluem vários compromissos de oito dígitos, de acordo com as duas pessoas, que falaram sob condição de anonimato ao New York Times devido à sensibilidade da situação. A decisão de reter essas enormes somas de dinheiro é um dos exemplos mais concretos das consequências do fraco desempenho de Biden no debate com Donald Trump no final de junho.

O congelamento do dinheiro ocorre no momento em que alguns assessores de Biden estão discutindo como persuadir o presidente a sair da disputa, e quando sua campanha começou a testar a vice-presidente, Kamala Harris, em pesquisas frente a frente com eleitores contra o ex-presidente Donald Trump. O número de democratas do Congresso que pedem que Biden se afaste também está aumentando a cada dia, com 16 membros da bancada do partido tendo se manifestado publicamente.

Na quinta-feira a noite, Hakeem Jeffries, líder democrata na Câmara, se reuniu em particular com Biden para expressar "diretamente toda a visão, perspectivas sinceras e conclusões sobre o caminho a seguir que a bancada democrata compartilhou em nosso recente tempo juntos".

No início da semana, Nancy Pelosi, uma das democratas mais poderosas do Capitólio, também fez comentários em uma entrevista para a TV que muitos consideraram um apelo sutil para que Biden saísse. A ex-presidente da Câmara disse que Biden ainda tinha uma decisão a tomar sobre concorrer ou não – quase uma semana após ele ter dito que permaneceria na disputa.

Do mesmo modo, celebridades como George Clooney têm retirado seu apoio à reeleição de Biden. Na quarta-feira, o ator de Hollywood que foi coanfitrião de uma grande campanha de arrecadação de fundos para o presidente no mês passado, disse em um artigo de opinião publicado no New York Times que o líder democrata era muito velho para tentar a reeleição e deveria encerrar sua campanha.

Por fim, ainda houve o vazamento de vídeo com conversa do apresentador George Stephanopoulos, da rede ABC, após a entrevista exclusiva com o presidente que foi ao ar na semana passada. Ao ser instado por um pedestre nas ruas de Nova York a dizer se Biden tem condições de comandar o país pelos próximos quatro anos, afirmou que não.

Biden resiste

O Future Forward se recusou a comentar sobre quaisquer conversas com doadores ou sobre as quantias de dinheiro prometidas que estão sendo retidas. Um assessor comitê disse apenas que o grupo esperava que os contribuintes que haviam suspendido as doações retornassem assim que a atual incerteza sobre a candidatura fosse resolvida. Separadamente, um doador do grupo descreveu ter sido abordado várias vezes pelo Future Forward desde o debate para fazer uma contribuição, mas disse que ele e seus amigos estavam "adiando".

As duas pessoas informadas sobre as doações congeladas se recusaram a dizer quais doadores individuais estavam retirando os cheques prometidos, que foram estimados em cerca de US$ 90 milhões ou mais. Não ficou claro quanto deste dinheiro foi destinado ao comitê de ação política em comparação com seu braço sem fins lucrativos, que também tem veiculado publicidade nos principais estados da disputa.

O Future Forward tem se esquivado de tomar decisões estratégicas importantes até que tenha clareza sobre quem estará no topo da chapa democrata, de acordo com uma pessoa próxima ao grupo. O possível déficit de dinheiro do super PAC ocorre no momento em que a própria campanha está se preparando para um período difícil de arrecadação de fundos em julho, já que os principais doadores questionam a viabilidade de Biden para vencer em novembro.

Em uma entrevista coletiva na noite de quinta-feira, Biden foi firme.

— Acredito que sou o mais qualificado para governar — afirmou. — E acho que sou o mais qualificado para vencer.

O Future Forward foi apontado pela campanha de Biden como seu principal super PAC nos estágios iniciais da corrida de 2024, e já anunciou US$ 250 milhões (R$ 1,36 bilhão) em reservas de publicidade digital e televisiva, que devem começar no final da Convenção Nacional Democrata no próximo mês.

Uma pesquisa que vazou de um grupo intimamente ligado ao Future Forward após o debate mostrou que o super PAC havia testado a força de possíveis alternativas a Biden, incluindo Kamala, o governador Gavin Newsom da Califórnia, a governadora Gretchen Whitmer de Michigan e Pete Buttigieg, o secretário de Transportes. A pesquisa mostrou que Biden tinha um índice de favorabilidade geral pior do que todas as alternativas.

O grupo reuniu os doadores pouco antes do debate para uma discussão sobre a situação de sua arrecadação de fundos e a corrida eleitoral, de acordo com duas pessoas que participaram da reunião. Autoridades do grupo disseram aos doadores que, considerando o super PAC e seu braço sem fins lucrativos, eles esperavam arrecadar US$ 700 milhões (R$ 3,81 bilhões) ou mais para a eleição e, até aquele momento, haviam arrecadado US$ 430 milhões (R$ 2,34 bilhões).

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