Congresso dos EUA, decorado para a posse de Joe Biden, em janeiro de 2021 (Chuck Kennedy/White House Photo/Divulgação)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 06h04.
Última atualização em 20 de janeiro de 2024 às 10h15.
Em 2024, os Estados Unidos realizam as suas eleições presidenciais, um evento que atrai atenção global. Não só porque os EUA são o país mais rico e a maior potência militar do mundo: o processo eleitoral lá é longo, com várias etapas ao longo do ano.
A votação de 2024 será a 60ª eleição presidencial dos EUA, que é realizada de modo ininterrupto, a cada quatro anos, desde 1788. Na última edição, em 2020, mais de 158 milhões de eleitores compareceram às urnas. O voto não é obrigatório no país.
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O caminho até a votação final começa oficialmente com as primárias, passa pelas convenções partidárias, os debates entre os candidatos e a eleição em si, marcada para 5 de novembro. Veja a seguir os detalhes dessa jornada.
As primárias servem para definir os candidatos dos dois partidos. Os eleitores de cada legenda votam em seu nome favorito, em datas diferentes: cada estado vai às urnas em um dia diferente.
As primeiras primárias serão em janeiro: dia 15, os republicanos fazem a primeira votação em Iowa. No dia 23, os democratas iniciam a temporada eleitoral em New Hampshire.
As vitórias nos estados vão somando delegados para cada candidato. O nome que somar mais delegados obtém a nomeação do partido para disputar a Presidência. Cada estado tem delegados de forma proporcional à sua população: estados mais populosos garantem mais representantes, e vice-versa.
O processo das primárias vai de janeiro a junho, mas é comum que a disputa se resolva nos primeiros meses do ano. Os vencedores das primeiras votações costumam ganhar impulso na campanha, tanto em exposição na mídia quanto na arrecadação de doações, enquanto os nomes com mau desempenho inicial acabam entrando em uma espiral de problemas. Assim, muitos candidatos desistem já nos primeiros meses do ano e a briga tende a se afunilar rapidamente entre dois ou três nomes.
Em julho e agosto, serão realizadas as convenções dos partidos, para aclamar os candidatos. É comum que elas comecem com os nomes dos vencedores das primárias já conhecidos. Assim, o evento serve mais como espaço para que cada partido mostre suas principais propostas para o país e como pretende engajar os eleitores, em uma série de discursos feitos ao longo de alguns dias.
A convenção republicana será em Milwaukee, de 15 a 18 de julho. Os democratas se reúnem em Chicago, de 19 a 22 de agosto.
As convenções também são uma oportunidade para que novos nomes da política se projetem. Em 2004, por exemplo, Barack Obama, ainda pouco experiente e candidato ao Senado por Illinois, fez um discurso que chamou muito a atenção, por pregar a união nacional, e o fez ser conhecido nacionalmente, gerando um impulso que o levou a disputar e vencer a Presidência em 2008.
Depois das convenções, os dois candidatos finais intensificam a campanha pelo país e participam de debates na TV. Em 2024, estão previstos três encontros, ao longo de setembro e outubro.
No dia da votação, 5 de novembro, os eleitores vão às urnas escolher o novo presidente, além de deputados federais, parte do Senado e, em 11 estados, também haverá votação para governador.
No entanto, a votação para presidente é indireta. Os resultados das urnas vão moldar a formação do Colégio Eleitoral, que elege o presidente de fato.
Esta é a parte mais complexa da eleição. O Colégio Eleitoral é formado por 538 delegados. Para ser eleito presidente, é preciso obter ao menos 270 votos deles.
A eleição presidencial americana é organizada pelos 50 estados. Cada governo local tem liberdade para organizar a votação como preferir e, ao final, apontar os delegados que votarão no Colégio Eleitoral.
Cada estado tem direito a um número diferente de delegados, com base em sua população em relação ao total do país. Assim, a Califórnia, estado mais populoso, tem 54 representantes. Nenhum estado tem menos de três delegados.
Em 48 estados, o vencedor leva tudo: o candidato presidencial mais votado conquista o direito a indicar todos os delegados daquele estado. A regra não vale apenas no Maine e em Nebraska, onde os delegados são divididos de outras formas. O Maine se divide em quatro distritos eleitorais, e a vitória em cada um deles dá direito a um delegado.
Esse modelo, porém, gera uma distorção: um candidato pode vencer na votação popular, mas não se eleger. Foi o caso de Donald Trump em 2016: Ele obteve 62,9 milhões de votos, menos do que os 65,8 milhões da rival Hillary Clinton, mas levou 306 delegados, ante 232 dela.
O modelo de Colégio Eleitoral dá mais peso aos estados menores na disputa nacional. Com isso, a atenção dos candidatos durante a campanha é maior sobre os locais onde há maior indecisão do que em áreas mais populosas que tendem a eleger sempre o mesmo partido.
O Colégio Eleitoral não é um local, mas um processo, como explica um guia do Arquivo Nacional dos EUA. Assim, não há um encontro formal dos delegados: cada estado envia seus votos ao Congresso, que faz a leitura deles e certifica a vitória do novo presidente.
Esse ritual de certificação era visto como mera formalidade e atraia pouca atenção. No entanto, em 6 de janeiro de 2021, o evento foi interrompido por uma invasão ao Congresso americano. Apoiadores de Donald Trump, presidente que buscava a reeleição, tentaram impedir a confirmação da derrota dele. A sessão foi interrompida, houve confrontos entre a polícia e manifestantes e o dia terminou com cinco mortos. Apesar disso, a certificação da vitória de Joe Biden foi concluída de noite.
A posse é realizada em 20 de janeiro. O novo presidente faz um juramento em frente ao Congresso e depois costuma fazer um desfile pela avenida Pensilvânia, que liga a sede do Legislativo à Casa Branca, sede da Presidência, para marcar o início de um mandato de quatro anos.