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Eleições em Taiwan: votação neste sábado pode aumentar risco de guerra envolvendo China e EUA

Pequim deixou claro que gestos da ilha em direção à independência podem ter resposta dura

Foto de Lai Ching-te, candidato à presidente, exibida em telão durante comício em Nova Taipei, ao lado de Hsiao Bi-khim, candidato à vice (Sam Yeh/AFP)

Foto de Lai Ching-te, candidato à presidente, exibida em telão durante comício em Nova Taipei, ao lado de Hsiao Bi-khim, candidato à vice (Sam Yeh/AFP)

Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 20h00.

Última atualização em 13 de janeiro de 2024 às 08h16.

Os eleitores de Taiwan foram às urnas neste sábado, 13, para eleger um presidente e um novo Congresso. A grande questão da disputa, no entanto, interessa a todo o planeta: como os novos governantes vão se relacionar com a China continental?

A votação está prevista começou às 8h de sábado (21h de sexta em Brasília) e terminou às 16h (5h da manhã em Brasília). A expectativa é que os resultados sejam conhecidos algumas horas após o fechamento das urnas.

Taiwan é uma ilha autônoma em relação ao resto da China, mas não possui independência formal. Em 1949, o governo nacionalista que perdeu o poder com a vitória da Revolução Comunista se refugiou ali e instalou um regime próprio. Nas décadas seguintes, a maioria dos países do mundo reconheceu o governo comunista como comandante de fato da China. No entanto, muitos deles, como os Estados Unidos, mantiveram relações com Taiwan e se comprometeram a ajudar a ilha em caso de invasão.

Para a China, Taiwan é uma província rebelde que precisa ser reincorporada ao seu território. Assim, a situação entre Pequim e Taiwan é uma espécie de guerra fria: os chineses dizem com frequência que uma declaração completa de independência por parte da ilha não será tolerada, mas ao mesmo tempo não toma medidas para uma invasão de fato.

Uma das razões para a contenção chinesa é que os EUA se comprometeram a ajudar Taiwan em caso de invasão. Assim, um conflito localizado poderia se tornar uma guerra entre as duas maiores potências mundiais.

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Como a eleição em Taiwan pode gerar uma crise?

A relação atual do governo de Taiwan com o de Pequim é de distância. A presidente atual, Tsai Ing-Wen, não pode disputar um terceiro mandato, e seu vice, Lai Ching-te, está na eleição e aparece à frente nas pesquisas, com cerca de 36%.

O governo chinês vem indicando, por meio da imprensa oficial, que uma vitória de Lai não seria bem-vinda, pois representaria uma manutenção do distanciamento atual. Lai também tinha uma postura forte pró-independência, que amenizou durante a campanha.

Os outros dois candidatos na disputa, Hou Yu-ih, com 31%, na frente de Ko Wen-je, com 24%., são mais abertos ao diálogo com Pequim, embora defendam que uma aproximação não significaria abrir mão da autonomia da ilha.

"Um voto no atual partido [no governo] seria para estressar as relações com a China continental, o que poderia aumentar a probabilidade de uma invasão de Pequim a Taiwan. Por outro lado, a narrativa da oposição é que há um caminho de guerra e outro de paz. O DPP argumenta que há uma escolha entre um regime autocrático, próximo do regime comunista chinês, e um democrático", analisa Mauricio Moura, sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, e professor da Universidade George Washington.

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Quem são os candidatos?

Lai Ching-te, que também atende por William, é atualmente vice-presidente de Taiwan pelo Partido Democrático Progressista, que rejeita as reivindicações de soberania da China sobre a ilha.

Médico que estudou saúde pública na Universidade de Harvard, Lai ocupou cargos públicos nos últimos 25 anos, inclusive como prefeito da cidade de Tainan, no sul do país. Durante o mandato dele e do atual presidente, Tsai Ing-wen, Taiwan aumentou as aquisições de armas dos Estados Unidos. Se for eleito presidente Lai comprometeu-se a fortalecer a defesa nacional e a manter a economia na direção política definida por Tsai.

A China se irrita com qualquer reivindicação de independência por parte dos políticos taiwaneses e é contra laços formais de Taipei com outros países. Pequim rejeitou repetidamente ofertas para manter conversas com o candidato.

Hou Yu-ih é o candidato do principal partido da oposição de Taiwan, o Kuomintang, ou KMT. O KMT é geralmente mais amigável com a China, embora negue veementemente ser pró-Pequim. Tradicionalmente, o partido tem favorecido a unificação com a China, embora tenha mudado a sua posição nos últimos anos para refletir a preferência da grande maioria da população pela manutenção do status quo.

Hou serviu como chefe da força policial da ilha antes de fazer a transição para a política em 2010. O homem de 66 anos é atualmente prefeito de Nova Taipei, cargo do qual tirou licença para concorrer à presidência.

Hou se descreveu como um membro atípico do KMT e disse que não buscaria a unificação com a China se fosse eleito. Ele disse que o futuro de Taiwan precisa ser decidido pelo seu povo.

Hou comprometeu-se a reforçar a defesa nacional e a reiniciar o diálogo com Pequim. Ele se descreve como mais propenso a convencer a China a manter negociações do que Lai, a quem acusa de levar Taiwan à guerra.

O terceiro candidato presidencial, Ko Wen-je, representa o menor Partido Popular de Taiwan, fundado em 2019.

Cirurgião que se tornou político, Ko defende um meio-termo nas relações com Pequim. Ele disse que estaria aberto a manter conversas com a China, mas defende que Taiwan deve ser capaz de preservar a sua democracia e as liberdades civis. Ele se descreve como o único candidato aceitável tanto para os EUA quanto para a China.

Com 64 anos foi prefeito de Taipei entre 2014 e 2022 e já cooperou no passado com o DPP e o KMT. Ko é o candidato mais popular entre os eleitores mais jovens, que elogiam a sua abordagem direta e se concentram em questões práticas como habitação e educação. Sua companheira de chapa é Cynthia Wu, uma executiva que vem de uma das famílias mais ricas de Taiwan.

Com AFP.

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