Votação na Europa: comparecimento aumentou de 43 por cento, em 2014, para 51 por cento (Ints Kalnins/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de maio de 2019 às 06h17.
Bruxelas - Os europeus acordaram nesta segunda-feira (27), diante de uma nova realidade política, após eleições no Parlamento Europeu que puseram fim ao domínio dos partidos tradicionais de centro-direita e centro-esquerda e revelaram um panorama onde a ultradireita, os grupos partidários pela liberalização econômica e os ambientalistas serão forças que precisarão ser levadas em conta.
Com dados de participação inéditos em 20 anos, os eleitores levaram às urnas preocupações sobre imigração e segurança, fazendo com que partidos com líderes populistas como Matteo Salvini, na Itália, e a líder de extrema-direita Marine Le Pen, na França, formassem um dos maiores grupos na Assembleia de 28 países. "As regras estão mudando na Europa", afirmou na madrugada desta segunda-feira Salvini, o conservador ministro de Interior italiano, na sede de seu partido Liga, em Milão. "Nasce uma nova Europa", disse ele.
As estimativas mostravam que a Liga tinha conseguido 33% dos votos na Itália, quando na eleição anterior, de 2014, havia obtido 6%. No Reino Unido, o Partido Brexit, de Nigel Farage, se saiu bem, em um castigo dos eleitores ao governista Partido Conservador e também ao principal da oposição, o Trabalhista, diante da incapacidade de ambos em gerir a saída do país da União Europeia, o Brexit.
Aproveitando o que descreveram como a "onda verde" europeia, respaldada por marchas em todo o continente com pedidos de ação contra as mudanças climáticas, os partidos ambientalistas tiveram avanço significativo, especialmente na Alemanha, um dos principais motores da integração da UE.
Os liberais defensores do livre mercado também ganharam presença, com 107 parlamentares no Parlamento de 751 postos, em comparação com os 68 de 2014.
A imagem de um Parlamento dividido nos próximos cinco anos se completou diante do rechaço de muitos eleitores ao Partido Popular Europeu, de centro-direita, o partido da chanceler alemã, Angela Merkel, uma de suas líderes mais importantes, que perdeu representação, bem como os socialistas de centro-esquerda.
Autoridades europeias celebraram o aumento do comparecimento, de 43%, em 2014, para 51%. Foi a primeira inversão de uma tendência de queda da participação desde a primeira votação no bloco, em 1979. Mais alta em 20 anos, a participação pode conter um pouco o temido "déficit democrático", que tem minado a legitimidade dos legisladores da UE. (Com agências internacionais)