Donald Trump e Joe Biden, principais competidores das eleições nos EUA em 2024 (Arquivo Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 12h56.
Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 14h43.
"Os Estados Unidos contra si mesmo" é o principal risco geopolítico global em 2024, aponta a consultoria Eurasia em relatório divulgado nesta segunda, 8. O pais terá eleições presidenciais em 5 de novembro.
"Os EUA já são a democracia industrial avançada mais dividida e disfuncional do mundo. As eleições de 2024 vão exacerbar isso não importa quem vença. A única certeza é um dano contínuo ao tecido social americano, às instituições políticas e ao posicionamento internacional", disse Ian Bremer, presidente da Eurasia Group.
"Quando a democracia mais poderosa do mundo enfrenta uma crise política, isso aumenta a recessão geopolítica que torna mais difícil encontrar lideranças capazes e que queiram agir como uma polícia global, como um arquiteto do comércio global e promover valores globais", prosseguiu Bremer.
"Os EUA são a única das maiores democracias avançadas que não podem garantir no presente que podem ter uma transição pacífica de poder, por causa do nível de deslegitimação de muitas instituições-chave americanas, algumas no Executivo, outras no Judiciário, nas estruturas partidárias e parte na mídia, mas tudo isso transpira em um ambiente muito tóxico e polarizado, não visto desde a reconstrução após a Guerra Civil (1861-65)".
A consultoria aponta que, apesar de a eleição afetar o planeta todo, apenas 160 milhões de americanos poderão votar, e que a decisão final deve ficar com algumas centenas de milhares de eleitores dos estados-pêndulo, que devem decidir a votação.
O relatório Top Risks 2024 lista outros problemas globais, nesta ordem:
2. A crise no Oriente Médio, puxada principalmente pelo conflito entre Israel e Hamas, que segue piorando.
3. Ucrânia partida: a Eurasia avalia que o país deve perder território de fato este ano, conforme a Rússia deverá consolidar o controle sobre territórios no leste do país e o governo de Volodimir Zelenski enfrenta dificuldades para obter mais recursos para custear a operação de guerra.
4. IA desgovernada: os avanços da inteligência artificial trazem desafios aos governos para regular esse processo.
5. Eixo dos trapaceiros: a aproximação de Rússia, Irã e Coreia do Norte, que se intensificou após a guerra na Ucrânia e as sanções impostas pelo Ocidente a Moscou.
Sobre o Brasil, o relatório aponta que o país vive um momento de estabilidade política e econômica, apesar de ainda ter muitos desafios a resolver, e pode ter benefícios econômicos por conta dos dois principais conflitos globais, a crise no Oriente Médio entre Israel e Hamas a Guerra na Ucrânia.
O material aponta que o segundo ano de governo de Lula deverá ser mais desafiador que o primeiro, especialmente pelo risco de esfriamento da economia e pela dificuldade para cumprir a meta de déficit fiscal zero. Ao mesmo tempo, as ações do governo tem dado boas sinalizações ao mercado. A consultoria destaca que o país tem tido bons indicadores na economia, como novos recordes na bolsa e o dólar se estabilizando abaixo do patamar de cinco reais.