Antonio Tajani: se resultado obtido se mantiver, a quarta e última rodada será decisiva (Mac Innes Photography/Dept of the Taoiseach/Getty Images)
AFP
Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 11h17.
Os conservadores poderão controlar as três principais instituições da União Europeia, em um período marcado pelas futuras negociações sobre o Brexit, se seu candidato Antonio Tajani conquistar nesta terça-feira a presidência da Eurocâmara, contando com o apoio dos liberais.
Momentos antes da votação, o candidato liberal à presidência da Eurocâmara, o influente eurodeputado belga Guy Verhofstadt, retirou sua candidatura para apoiar o conservador Tajani (PPE), segundo o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
Em um comunicado conjunto das duas formações, Verhofstadt considera sua renúncia "como o primeiro passo importante na construção de uma coalizão pró-europeia para reformar e reforçar nossa União".
"Com [o presidente eleito dos Estados Unidos Donald] Trump, com [o presidente russo Vladimir] Putin, com outros desafios que a Europa enfrenta, é fundamental que cooperemos para reformar a UE", acrescentou o dirigente liberal, para quem esta coalizão está "aberta a todos os grupos pró-europeus".
A eleição do sucessor de Schulz à frente da Eurocâmara é a primeira realmente acirrada desde 1979, quando os deputados foram escolhidos pela primeira vez por voto universal.
Nessa ocasião, a tradicional coalizão entre conservadores do PPE e social-democratas, os dois principais grupos, se apresenta dividida.
Com o apoio dos liberais, o conservador Tajani, um político italiano com experiência em Bruxelas e ex-porta-voz do ex-dirigente Silvio Berlusconi, se aproxima da presidência do parlamento, o que deixaria o PPE à frente das três principais instituições europeias, junto com a Comissão e o Conselho.
Na opinião do candidato social-democrata Gianni Pittella - que anunciou que sua candidatura para evitar o monopólio de seus até então sócios conservadores na câmara -, "seja qual for o resultado da eleição", não se poderá "mais falar de uma grande coalizão".
Socialistas e conservadores e, em menor medida, liberais, se alternaram ao longo dos anos na presidência do Parlamento, do executivo comunitário e do Conselho, que representa os 28.
Atualmente, os dois últimos estão em mãos, respectivamente, de Jean-Claude Juncker e Donald Tusk, ambos do PPE.
Esta formação considera que corresponde a ela presidir a câmara, depois de cinco anos de Schulz, e denuncia a "traição" de seus sócios por romper um pacto de 2014 que estipulava o apoio então da direita à continuidade do alemão, em troca do voto dos socialistas ao candidato conservador na segunda parte da legislatura.
Apesar do apoio dos liberais, o italiano Tajani, de 63 anos, não conta com a maioria absoluta para vencer nas três primeiras rodadas de votação.
Na primeira, Tajani conquistou 274 votos dos 751 parlamentares, seguido por Pittella, com 183 votos. Se este resultado se mantiver, a quarta e última rodada será decisiva, pois apenas os dois candidatos mais votados se enfrentarão.
Dependendo de eventuais alianças, os partidos eurocéticos e de extrema-direita (cerca de 100 parlamentares de diferentes grupos) poderão ter um papel decisivo na última rodada.