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ElBaradei se diz convencido de que Mubarak acabará renunciando

Líder opositor não escondeu suas críticas aos EUA, que não tem tomado posições contundentes

Mohamed ElBaradei, líder opositor egípcio: "Exército egípcio ficará ao lado do povo" (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Mohamed ElBaradei, líder opositor egípcio: "Exército egípcio ficará ao lado do povo" (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2011 às 10h16.

Londres - O opositor egípcio Mohamed ElBaradei está convencido de que o presidente do país, Hosni Mubarak, acabará renunciando "para salvar sua pele" e acredita que "o Exército egípcio ficará ao lado do povo".

"É de bom senso, ao ver alguns milhões de pessoas que foram às ruas representando 85 milhões de egípcios que odeiam Mubarak, que querem que saia", explicou ElBaradei em uma entrevista ao jornal britânico "The Independent".

"O Exército é parte do povo e no final das contas, quando (o militar) tira o uniforme, ele faz parte desse povo, com os mesmos problemas, a mesma repressão, a mesma incapacidade para levar uma vida decente", avaliou.

"Não acho que vão atirar contra as pessoas, e além disso, disparar para proteger o que?", questionou ElBaradei, que no entanto não falou mal de Mubarak, um presidente que, segundo o opositor, sempre o recebeu com amabilidade em seu retorno de missões da ONU.

"Tínhamos uma relação muito cordial (...) Eu dizia o que pensava deste ou daquele problema. Ele não tem assessores com coragem suficiente para dizer-lhe a verdade", relatou.

ElBaradei não ocultou suas críticas aos Estados Unidos: "Lembra como no primeiro dia tudo o que ouvíamos (de Washington) é que acompanhavam de perto a situação. No segundo, a secretária (de Estado, Hillary) Clinton disse que considerava 'a situação estável' no país árabe", lembrou.


O político egípcio também indagou como é possível que a esta altura os EUA peçam a Mubarak que "introduza reformas democráticas" e opinou que o Governo de Washington sabe que os dias do presidente egípcio "estão contados".

"Ontem escutei o (primeiro-ministro do Reino Unido, David) Cameron dizer que democracia não é uma eleição, mas consiste em construir as instituições. Todo o mundo o sabe, mas como se constrói um Poder Judiciário, uma sociedade civil (...) sob uma ditadura? Ou há sociedade civil ou não há", acrescentou.

ElBaradei se também se disse indignado pelos saques nas ruas egípcias.

"Todo o mundo diz que segue ordens do regime ou do Ministério do Interior ou de quem quer que seja. Se isto é verdade, se trata do mais sinistro dos atos criminosos. Temos que verificá-lo, mas é certo que muitas dessas quadrilhas de criminosos e saqueadores são parte da Polícia secreta", assinalou.

E acrescentou: "Quando um regime retira toda sua Polícia das ruas do Cairo, quando os criminosos são parte da Polícia secreta e tentam criar a impressão de que sem Mubarak o país vai afundar no caos, é um ato criminoso sobre o qual alguém tem que responder", afirmou.

"Agora as pessoas não dizem mais que Mubarak deve sair, mas que é preciso julgá-lo. Se ele quer salvar sua pele, o melhor que faria seria renunciar".

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