ElBaradei, ex-diplomata e Nobel da Paz: o caminho agora é complicado (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2011 às 06h33.
Londres - A transição no Egito deveria formar um conselho presidencial que incluísse civis e militares junto a um governo de união nacional, segundo o ex-diplomata e prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei.
O Exército não deve se apressar em convocar eleições, que são apenas um elemento da formação de um estado democrático, avaliou o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica em declarações ao diário "Financial Times".
"Quero ver uma transição de um ano: é preciso abolir a lei marcial, instituir a liberdade de imprensa. (E além disso), como vai se apresentar ao povo eleições sem partidos?", se perguntou ElBaradei.
O ministro da Defesa, marechal Mohamed Hussein Tantaui, deveria ainda explicar seus planos pela televisão ao invés de fazer com que um porta-voz leia seus austeros boletins militares, assinala ElBaradei.
O diplomata egípcio não coloca em dúvida as "boas intenções" do conselho supremo das Forças Armadas, que atualmente governa o país, mas indica que os militares fazem parte do regime do ex-presidente Hosni Mubarak e têm de sofrer uma "mudança de mentalidade".
ElBaradei disse que os generais não entraram em contato com ele e assegurou que não está interessado em apresentar sua candidatura à Presidência egípcia, mas que gostaria de assessorar os militares.
O Nobel da Paz reconheceu que após a euforia pela renúncia de Mubarak, o caminho é complicado. "O povo é livre e não sabe o que fazer com essa liberdade. Impera a confusão. A oposição (legal) não está organizada, está fragmentada e não tem seguidores".