Nayib Bukele, presidente de El Salvador: país ainda tem poucos casos de coronavírus (Jose Cabezas/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de junho de 2020 às 10h00.
Última atualização em 7 de junho de 2020 às 10h03.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, disse neste sábado, 6, que há uma campanha de empresas privadas para reabrir negócios não essenciais sem autorização do governo em meio à pandemia do novo coronavírus.
"Há uma campanha orquestrada do ex-representante do setor privado, agora partido político ANEP, de a partir da segunda pode-se abrir negócios não essenciais", denunciou Bukele no Twitter.
O presidente salvadorenho anunciou no início de maio que não reconheceria a autoridade do presidente da Associação Nacional da Empresa Privada (ANEP), Javier Simán, a quem acusa reiteradamente de sabotar o trabalho de seu governo.
Simán tem sido um duro crítico das políticas governamentais de enfrentamento da covid-19, censurando em especial a decisão do chefe de Estado de impor uma quarentena domiciliar para restringir a mobilidade da população e não permitir a abertura gradual de comércios e empresas.
Em virtude dessa quarentena provocada pelo novo coronavírus, o governo só permitiu o funcionamento de farmácias, supermercados e mercados públicos, bancos, empresas de serviços básicos como de energia elétrica e telefonia, assim como indústrias de alimentos e de distribuição de água envasada, restaurantes apenas com entrega a domicílio, entre outros.
No entanto, o transporte público não funciona e lojas de roupas, de eletrodomésticos, de utilidades do lar, salões de beleza e outros considerados não essenciais não podem abrir por determinação do governo.
Bukele deixou claro que as empresas ou negócios que abrirem sem autorização governamental correm o risco de ser sancionadas ou fechadas permanentemente.
"A economia começará a abrir em fases, ordenadas e com protocolos sanitários", afirmou o presidente, embora até o momento não haja uma data precisa de quando pode começar uma fase de abertura de empresas e negócios.
El Salvador registrou até este sábado 2.934 casos de COVID-19, com 53 mortos e 1.281 recuperados, segundo cifras oficiais.
Em meio a pandemia, El Salvador também sofre nos últimos dias com chuvas que se estenderam durante a semana e já se transformam em uma nova tragédia. Chega a 30 o número de pessoas falecidas devido às chuvas no país desde o domingo passado.
"Não há um único local no território que não tenha sido afetado pelas chuvas", acrescentou em comunicado a chefe de gabinete do governo, Carolina Recinos.
As autoridades também registraram um desaparecido, além de 12.651 refugiadas em 325 albergues em todo o país.
Ao longo da semana, o território salvadorenho tem sofrido com chuvas, às vezes intensas, que causaram 600 inundações, deslizamentos de terra ou desabamentos.
Segundo informes preliminares das autoridades, as chuvas causaram em todo o país danos de diferentes níveis em pelo menos 3.000 casas, 99 instalações da rede pública de saúde, além de quinze pontes, algumas situadas em importantes rodovias do país.