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Para El País, reforma no Código Florestal brasileiro é "lobby agrícola"

Reportagem do jornal espanhol sugere que a mudança na legislação ambiental vale ouro na hora de angariar votos no Congresso

Jornal espanhol diz que a regulamentação de áreas protegidas no Brasil "se deu numa espécie de limbo legal, gerando inúmeros abusos". (.)

Jornal espanhol diz que a regulamentação de áreas protegidas no Brasil "se deu numa espécie de limbo legal, gerando inúmeros abusos". (.)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

São Paulo - O Brasil está se preparando para conceder uma anistia geral aos responsáveis por "catástrofes" ambientais cometidas em seu território. A avaliação é do jornal espanhol El País, para o qual a reforma do Código Florestal brasileiro, aprovada em peso por uma comissão especial no Congresso no começo do mês de julho, "regula os níveis máximos de destruição ambiental no País".

Segundo a publicação, todo debate em torno da questão florestal se resume a uma equação básica: "deputados ruralistas, aqueles que defendem os interesses do setor agrícola, às vezes até em detrimento do meio ambiente, têm o controle do Congresso e forte presença em todos os partidos, seja de esquerda ou direita, e usam essa força para aprovar a reforma do novo Código Florestal". Dessa forma, o "lobby agrícola" está presente tanto na esquerda quanto na direita, afirma.

O novo código reduz as margens de rios preservados e dá mais poder aos governos dos estados brasileiros na implementação das normas ambientais. De acordo com o El País, uma reforma legislativa que "envolve o relaxamento das normas ambientais em benefício da produtividade e "estabelece uma anistia geral para os que atacam o ecossistema é moeda valiosa na hora de pedir votos".

"As eleições presidenciais brasileiras serão realizadas em 3 de outubro e a votação dos agricultores e pecuaristas vale ouro no Brasil, onde o setor agrícola é muito poderoso", afirma. O texto aprovado na Comissão Especial é do deputado Aldo Rebelo, que defende a regularização de 90% das propriedades rurais brasileiras.

Segundo cálculos do Greenpeace, citados pelo jornal, a nova reforma vai "anistiar" todos os crimes cometidos contra a vegetação antes de 2008, o que iria resultar no cancelamento de uma dívida com o Estado no montante de 8 bilhões de reais.

Apesar das críticas à reforma, o jornal avalia que "um novo quadro legal é urgente, uma vez que durante a última década, a regulamentação de áreas protegidas no Brasil se deu numa espécie de limbo legal, gerando inúmeros abusos".
 

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