Mundo

'El Chapo', de traficante mais procurado a troféu dos EUA atrás das grades

Chefe do maior cartel do mundo, El Chapo será julgado a partir de segunda-feira e pode ser sentenciado à prisão perpétua nos Estados Unidos

Joaquin "El Chapo" Guzman: preso há quase dois anos em Manhattan. (Henry Romero//Reuters)

Joaquin "El Chapo" Guzman: preso há quase dois anos em Manhattan. (Henry Romero//Reuters)

A

AFP

Publicado em 3 de novembro de 2018 às 11h17.

Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 19h39.

O chefe do tráfico mexicano "El Chapo" Guzmán, durante anos o homem mais procurado pelos Estados Unidos, viveu o seu pior pesadelo atrás das grades: será julgado a partir de segunda-feira (5) em um tribunal federal do Brooklyn e pode ser sentenciado à prisão perpétua.

Preso há quase dois anos em Manhattan, praticamente em total isolamento, não pode ver sua esposa Emma Coronel nem nenhum parente, exceto suas filhas gêmeas de sete anos, e somente através de um vidro.

Com o cabelo raspado, sem bigode e usando um traje de presidiário azul, El Chapo, de 61 anos, perdeu muito de sua aura de implacável chefe do tráfico, e aguarda seu julgamento "tão esperançoso quanto pode estar", segundo seu advogado Jeffrey Lichtman.

O acusado perdeu peso e assegura ter problemas de saúde. Em sua única comunicação direta com o juiz Brian Cogan, em uma carta enviada em fevereiro, disse que sofre "muitas dores de cabeça todos os dias. Vomito quase todos os dias. Não consertei dois dentes e me doem muito".

"Se não está muito frio, faz calor demais" na cela, escreveu o acusado de traficar mais de 155 toneladas de cocaína aos Estados Unidos, além de muitas toneladas de heroína, metanfetamina e maconha ao longo de 25 anos. "É uma tortura de 24 horas a cada dia".

Joaquín Archivaldo Guzmán Loera nasceu em 4 de abril de 1957 em uma família humilde em La Tuna, pequeno povoado rural de Badiraguato, no pobre e violento estado de Sinaloa.

Em um encontro clandestino em outubro de 2015, contou ao ator americano Sean Penn que, quando criança, vendia laranjas, refrigerantes e doces para ajudar sua família, que era "muito pobre".

Mas devido à "falta de oportunidades", aos 15 anos já cultivava e vendia maconha e papoula, um negócio que florescia em seu povoado agrícola.

- O maior cartel do mundo -

Adolescente, foi recrutado pelo chefe do cartel de Guadalajara, Miguel Angel Félix Gallardo, e quando este foi preso em 1989, fundou com três sócios o cartel de Sinaloa, que cresceu de forma metórica até se tornar o maior do mundo.

Com o passar do tempo, se tornou o traficante de drogas mais procurado do mundo, acusado de enviar entorpecentes da América Latina para Estados Unidos, Europa e Ásia.

Inclusive a Forbes reconheceu o seu sucesso e, até 2013, o colocou por vários anos em sua famosa lista de bilionários, estimando a sua fortuna em um bilhão de dólares.

Embora em seu estado de Sinaloa tenha criado uma imagem de Robin Hood, fazendo muitas obras sociais para a população local, El Chapo era considerado impiedoso com rivais e traidores.

Mas a partir de 1993 a situação começou a se complicar e, em junho daquele ano, foi detido pela primeira vez, na Guatemala, e levado para uma prisão mexicana.

Mas fugiu oito anos depois, em 2001, dentro de um carrinho de roupa suja.

Voltou a ser preso em fevereiro de 2014, quando estava com sua esposa e filhas em Mazatlán, Sinaloa. E, novamente, fugiu 14 meses depois por um túnel de 1,5 km cavado sob o ralo do chuveiro de sua cela.

As autoridades dizem que sua queda pela atriz mexicana Kate del Castillo, com quem trocou mensagens sugestivas e que conseguiu o encontro entre El Chapo e Penn, levou a sua localização e prisão final em janeiro de 2016, até a sua extradição aos Estados Unidos um ano depois.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Joaquín Guzmán (El Chapo)Tráfico de drogas

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru