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Egito teme que palestinos possam invadir sua fronteira quando operação de Israel começar em Rafah

Mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está abrigada na região, em meio a uma crise humanitária em espiral

Palestinos fazem oração durante protesto contra ocupações na Cisjordânia: desavenças com israelenses na região continuam em meio ao coronavírus (Mohamad Torokman/Reuters)

Palestinos fazem oração durante protesto contra ocupações na Cisjordânia: desavenças com israelenses na região continuam em meio ao coronavírus (Mohamad Torokman/Reuters)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 16h57.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 17h16.

O governo egípcio está preocupado com a possibilidade de um movimento em massa de habitantes de Gaza em direção ao seu território, depois que Israel anunciou a expansão de suas operações militares no sul do enclave palestino, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito nesta quinta-feira. Segundo ele, a situação na cidade de Rafah, para onde as tropas israelenses estão se dirigindo, é “insuportável e catastrófica”.

"A continuidade dos ataques israelenses em áreas densamente povoadas criará uma realidade inabitável. O cenário de deslocamento em massa é uma possibilidade. A posição egípcia sobre isso tem sido muito clara e direta: somos contra essa política e não a permitiremos", declarou Ahmed Abu Zeid em uma entrevista ao canal de notícias egípcio al-Ghad.

Nas últimas semanas, imagens que circularam nas mídias sociais mostraram o Egito aparentemente fortificando suas defesas na fronteira com Gaza, utilizando arame farpado e construindo novos muros, segundo informações do jornal israelense Times of Israel.

Antes da guerra, Rafah abrigava cerca de 250 mil pessoas. Hoje, mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está na região, em meio a uma crise humanitária em espiral — estima-se que haja um chuveiro para cada 2 mil palestinos e um banheiro para cada 500 na cidade.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou, nesta quinta-feira, que as tropas se preparassem para entrar em Rafah, um dia após rejeitar a contraproposta do Hamas para um cessar-fogo, chamando as exigências do grupo terrorista de “bizarras” e “delirantes".

O chefe das Nações Unidas, António Guterres, alertou na quarta-feira que uma investida militar israelense na cidade "aumentaria exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário".

"À medida que a guerra avança em Rafah, fico extremamente preocupado com a segurança e o bem-estar das famílias que suportaram o impensável em busca de segurança", disse o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths. "Suas condições de vida são abismais. Eles não têm as necessidades básicas para sobreviver, perseguidos pela fome, doenças e morte."

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está em Israel, não chegou a pedir ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que não avançasse sobre a cidade, mas expressou preocupação.

"[Qualquer] operação militar que Israel empreenda precisa colocar os civis em primeiro lugar", afirmou.

Blinken também insistiu que ainda via "espaço para se chegar a um acordo" de trégua e libertação de reféns. Mas nada foi capaz de conter Netanyahu, nem mesmo uma nova rodada de negociações, que está acontecendo no Cairo, nesta quinta-feira.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultou na morte de cerca de 1,16 mil pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

Israel prometeu eliminar o Hamas e lançou ataques aéreos e uma ofensiva terrestre que mataram pelo menos 27,84 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Os militantes também capturaram cerca de 250 reféns em 7 de outubro. Israel afirma que 132 permanecem em Gaza, dos quais acredita-se que 29 tenham morrido.

O destino dos reféns tem dominado a sociedade israelense e, embora Netanyahu tenha insistido repetidamente que a pressão militar é a única maneira de trazê-los de volta para casa, o premier tem enfrentado apelos cada vez maiores para fazer um acordo.

Israel acredita que a liderança do Hamas está escondida nas profundezas da vasta rede de túneis que o grupo terrorista construiu sob a Faixa de Gaza, que, segundo autoridades militares, se estende por centenas de quilômetros.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, prometeu na semana passada que as Forças Armadas israelenses alcançarão e desmantelarão a Brigada Rafah do Hamas, da mesma forma que estão trabalhando atualmente para fazer com os batalhões do Hamas na área de Khan Younis.

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