Cairo - O governo egípcio prosseguiu nesta terça-feira com seus esforços para frear o conflito na Faixa de Gaza, depois que sua iniciativa de cessar-fogo teve boa recepção internacional e de Israel, mas não do grupo palestino Hamas.

O chefe da diplomacia, Sameh Shukri, conversou hoje por telefone com seus colegas americanos, John Kerry, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, informou o Ministério das Relações Exteriores do Egito.

Kerry disse a Shukri que considera a proposta egípcia "uma oportunidade verdadeira" que deve ser apoiada para dar fim à violência.

Também assinalou o interesse dos EUA em que todas as partes envolvidas mostrem seu total apoio à iniciativa egípcia, acrescentou a nota das Relações Exteriores egípcia.

Estava previsto que Kerry viajasse hoje para o Egito para se reunir com Shukri, segundo os veículos de imprensa oficiais egípcios, mas um porta-voz da embaixada americana no Cairo negou hoje à Agência Efe que a visita vá acontecer.

Shukri, por sua vez, insistiu que o "Egito não poupará esforços para trabalhar por uma solução urgente que dê fim ao derramamento de sangue de inocentes".

O plano egípcio entrou em vigor às 3h de Brasília e deu um prazo de 12 horas, desde que seja aceito por ambas as partes, para implementar um cessar-fogo definitivo.

Israel, que reatou os ataques aéreos, havia aceitado a iniciativa no início da manhã, enquanto o Hamas dizia que continuava avaliando a proposta e milícias de Gaza seguiram hoje lançando foguetes.

Quanto a isso, Steinmeier disse a seu colega egípcio que "Hamas deve deixar de disparar foguetes contra Israel de forma imediata".

O ministro alemão advertiu que, em longo prazo, Israel e Palestina "não têm alternativa a voltar às negociações para alcançar a solução dos dois Estados".

Em meio à mediação egípcia, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, viajará amanhã ao Cairo à frente de uma delegação de alto nível para se reunir com o presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi.

Os contatos das autoridades egípcias começaram há vários dias com as duas partes em conflito e responsáveis internacionais, e se intensificaram ontem à noite com o anúncio de sua proposta.

Shukri se reuniu ontem com o ministro kuwaitiano das Relações Exteriores, Sabah al Khaled Al-Sabah, e com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby, para abordar o plano de cessar-fogo egípcio.

Depois houve uma reunião extraordinária dos chefes da diplomacia árabe, que expressaram hoje seu apoio ao plano egípcio e pediram a todas as partes envolvidas para cumprir o cessar-fogo.

Em seu comunicado de conclusões, a Liga Árabe exigiu, além disso, de Israel o fim imediato de sua operação militar contra Gaza "Limite Protetor", que causou mais de 180 mortos, e responsabilizaram Tel Aviv de todas as vítimas e danos materiais.