Soldados posicionados em rua do Cairo, no Egito (Louafi Larbi/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2015 às 21h41.
Cairo - Cerca de 50 egípcios fizeram um protesto antigoverno raro no centro do Cairo nesta quarta-feira à noite, disseram fontes de segurança e testemunhas, quatro dias antes do aniversário da revolta popular que derrubou o autocrata Hosni Mubarak em 2011.
Eles gritaram "abaixo, abaixo o regime militar" e "o povo quer a queda do regime", frases ouvidas quatro anos atrás, quando manifestantes pediram democracia e prosperidade econômica.
Forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e tiros de chumbo para dispersar rapidamente as pessoas no centro do Cairo, disseram fontes de segurança. Treze pessoas foram presas.
Grupos de direitos humanos acusam o governo de abusos generalizados e dizem que o regime autoritário voltou para o país árabe.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, disse nesta semana que os egípcios têm o direito de protestar, mas advertiu que agora isso poderia causar mais danos à economia já combalida.
Ativistas de direitos humanos dizem que a lei que restringe protestos e outra legislação de segurança estabelecidas por Sisi na ausência de um Parlamento reverteram as liberdades conquistadas no levante de 2011.
Sisi foi eleito praticamente sem oposição em maio do ano passado, quase um ano depois que o Exército, então liderado por ele, derrubou o presidente eleito livremente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana.
A Irmandade, que foi enfraquecida por uma das repressões mais duras contra o movimento, apelou aos egípcios para organizar protestos coletivos para marcar o levante de 18 dias.
Uma operação de segurança liderada por Sisi encerrou meses de agitação popular contra o governo e levou à detenção de milhares de islamitas e ativistas liberais, incluindo as pessoas que participam de protestos não autorizados pela polícia.
O Egito vai realizar uma eleição parlamentar muito aguardada em duas fases a partir de março. Sisi espera que a votação traga estabilidade após anos de turbulência. Críticos consideram a votação uma farsa, alegando que se trata de uma repressão às liberdades políticas.