O presidente uruguaio, José Mujica: "Não há medidas mágicas, temos que começar por reconhecer que estamos diante de um inimigo muito superior", disse (Miguel Rojo/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h55.
Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, disse nesta quinta-feira que o narcotráfico é o "verdadeiro veneno" das sociedades na atualidade e que seus efeitos são muito piores do que os da droga.
O Parlamento uruguaio analisa uma iniciativa para legalizar o consumo e venda de maconha no país. Mujica disse que o tráfico de drogas é "espantoso" e lamentou que as políticas de repressão contra a prática tenham fracassado.
Em seu programa de rádio "Habla el presidente", o líder argumentou que a maior parte da cocaína é produzida na América Latina, mas os grandes consumidores estão nos países ricos.
Mujica disse que estes grandes mercados não conseguem diminuir o consumo, por isso o tráfico de drogas "se transforma em um fato econômico de dimensões colossais".
O presidente do Uruguai manifestou que a repressão "é impotente diante da fenomenal taxa de lucro" do narcotráfico, por isso insistiu na ideia de que a solução é se apropriar desse mercado.
"Não há medidas mágicas, temos que começar por reconhecer que estamos diante de um inimigo muito superior", disse o presidente. Há um mês, Mujica afirmou que seu projeto de legalizar a compra e venda de maconha no país tem por objetivo combater o narcotráfico, definido por ele como "o pior flagelo da América Latina".
Em dezembro, o presidente anunciou que iria atrasar a iniciativa de legalização da maconha e pediu para que seus colaboradores "eduquem as pessoas" para que a medida ganhe apoio popular.
Inicialmente, os deputados governistas tinham a intenção de aprovar o projeto antes do final do ano passado e enviar a medida para o Senado, para que se transformasse em lei no primeiro semestre de 2013.
Pouco antes de Mujica revelar que pediu para os legisladores governistas "frearem" o trâmite parlamentar para aprovação da lei, uma pesquisa revelou que 64% dos uruguaios é contra o projeto.