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Edição do Charlie Hebdo após ataques se esgota em minutos

A primeira edição do jornal após o ataque de jihadistas, que trazia uma caricatura do profeta Maomé, se esgotou em minutos na França

Homem lê a nova edição do jornal Charlie Hebdo em Nice, França (Eric Gaillard/Reuters)

Homem lê a nova edição do jornal Charlie Hebdo em Nice, França (Eric Gaillard/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 16h24.

Paris - A primeira edição do Charlie Hebdo depois do ataque de militantes islâmicos se esgotou em minutos nesta quarta-feira, trazendo na capa a caricatura do profeta Maomé que defensores chamaram de obra de arte comovente, mas que críticos encararam como uma nova provocação.

Leitores franceses fizeram filas ao amanhecer para comprar o jornal e demonstrar apoio à publicação, enquanto que a Al Qaeda do Iêmen assumiu a responsabilidade pelo ataque, dizendo ter ordenado as mortes por considerar que o jornal havia insultado Maomé.

No Oriente Médio, líderes muçulmanos que condenaram o ataque ao jornal pediram calma, ao mesmo tempo em que criticaram a decisão de publicar uma nova caricatura do profeta.

Milhões de cópias da "edição dos sobreviventes" foram impressas na França, bem acima das costumeiras 60 mil. Na capa, um Maomé em lágrimas carregava uma placa com a mensagem "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie"), abaixo da manchete "Tudo está perdoado".

Dentro do jornal semanal, uma caricatura mostrava jihadistas dizendo: “Não devemos tocar no pessoal do Charlie, caso contrário eles vão parecer mártires e, uma vez no paraíso, esses canalhas vão roubar as nossas virgens”.

“O que nos fez rir mais foram os sinos de Notre Dame tocarem em nossa honra”, diz o editorial do jornal, que surgiu do movimento contracultural de 1968 e tem debochado de todas as religiões e das elites.

David Sullo, no fim da fila de duas dezenas de pessoas numa banca em Paris, disse que essa seria a primeira vez que ele compraria o jornal. "Não é muito a minha preferência política, mas é importante comprá-lo hoje e apoiar a liberdade de expressão." O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, alvo frequente das caricaturas do jornal, foi visto deixando uma reunião de governo com uma cópia debaixo do braço.

"Batalha de Paris" 

Dois militantes islâmicos mataram a tiros 12 pessoas num ataque à redação do Charlie Hebdo em 7 de janeiro. Um terceiro militante matou uma policial e depois quatro civis num supermercado judeu. Os três extremistas foram mortos em cercos policiais.

Num vídeo veiculado no YouTube, a Al Qaeda do Iêmen disse que a sua liderança havia ordenado o ataque da última quarta-feira.

“Sobre a abençoada Batalha de Paris, nós, a Organização da Al Qaeda na Península Arábica, assumimos responsabilidade por essa operação de vingança para o Mensageiro de Deus”, disse Nasser bin Ali al-Ansi, o principal ideólogo do grupo no Iêmen.

Ansi afirmou que o ataque foi realizado como “implementação” de uma ordem do líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri. Não foi possível verificar de imediato a autenticidade da gravação.

Simpatizantes elogiaram a capa do Charlie Hebdo por se manter fiel à missão satírica do jornal, proclamando o direito de liberdade de expressão e ao mesmo tempo mantendo um apropriado tom de luto e uma mensagem de paz.

"Eu escrevi 'tudo está perdoado' e chorei", disse Renald “Luz” Luzier, que criou a capa, a jornalistas na terça-feira.

"Essa é a nossa primeira página. Não é a que os terroristas queriam que desenhássemos”, disse ele. “Não estou nem um pouco preocupado. Confio na inteligência das pessoas, na inteligência do humor.”

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