Em relação à polêmica gerada pela expropriação da YPF, o economista Marcelo Elisondo disse que a medida foi acertada porque a Repsol não atuava de maneira adequada (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2012 às 13h24.
Buenos Aires, Argentina – Na véspera de a Câmara dos Deputados da Argentina votar o projeto de expropriação da petrolífera YPF, administrada pela espanhola Repsol, o economista Marcelo Elisondo, da consultora Desenvolvimento de Negócios Internacionais (DNI), defendeu hoje (3) que o governo da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, adote regras claras e estáveis para atrair os investidores estrangeiros.
Favorável à expropriação, Elisondo disse à Agência Brasil, no entanto, que é fundamental garantir meios de atração e manutenção dos investimentos externos na Argentina. Segundo ele, apesar do atual clima de insegurança os estrangeiros manterão o interesse na Argentina porque estão “acostumados a operar em regiões de risco”, como Nigéria e alguns países árabes.
“A nacionalização da empresa afetará os investimentos em outras indústrias, como a da mineração e da produção de energia limpa, enquanto a Argentina não tiver regras claras e estáveis, dificilmente atrairá capitais estrangeiros, tampouco terá acesso aos créditos internacionais, para fazer os investimentos necessários”, disse o economista.
Em relação à polêmica gerada pela expropriação da YPF, Elisondo disse que a medida foi acertada porque a Repsol não atuava de maneira adequada. “A Repsol não agiu bem na Argentina e isso tornou a empresa vulnerável às criticas do governo, de que estava repatriando todos os lucros e investindo pouco na exploração e produção de petróleo e gás no país”, disse ele.
Depois, o economista acrescentou que o governo não oferece previsibilidade de garantias para negócios a médio e longo prazo na Argentina. “Nessas condições, é difícil que as empresas tenham um bom rendimento.”
O assunto será tema hoje de uma sessão da Câmara dos Deputados (formada por 257 parlamentares) para votação do projeto que o governo expropria 51% da empresa petrolífera YPF, controlada pela empresa espanhola Repsol. A votação ocorre dois dias depois de o governo da Bolívia anunciar a nacionalização de uma empresa de energia elétrica, comandada por espanhóis.
Assim como ocorreu com a expropriação da YPF, o governo espanhol criticou a decisão do governo boliviano. A Bolívia prometeu negociar uma indenização justa e pagá-la em 180 dias. No caso da Argentina, o governo Kirchner avisou que não pagará os US$ 10 bilhões, reclamados pela Repsol, pela expropriação de suas ações na YPF.