Monróvia - O vírus ebola se espalhou para todas as províncias da Libéria, de acordo com o presidente do país, o mais afetado pela epidemia, de onde partiu um liberiano atualmente em quarentena no Texas, a primeira contaminação fora da África.
Nesta quinta-feira acontece, em Londres, uma conferência sobre a luta contra o ebola em Serra Leoa, um país do oeste africano vizinho da Libéria, onde cinco pessoas são infectadas a cada hora, de acordo com a ONG Save the Children.
A conferência, organizada pelo Reino Unido, já arrecadou 120 milhões de libras (150 milhões de euros) para a luta contra a doença.
No entanto, esta reunião é realizada sem a presença do presidente da Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, cujo avião não conseguiu decolar devido a problemas técnicos.
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, pediu ao chefe da nova Missão das Nações Unidas para a Luta contra o ebola (UNMEEER), Anthony Banbury, em visita ao país, apoio para conter a propagação em locais isolados no interior do país.
"Começamos a ver uma estabilização" da epidemia na Libéria, "uma desaceleração no número de pessoas que se apresentam nos centros médicos", afirmou na quarta-feira Ellen Johnson Sirleaf.
Na Libéria foram registradas 1.998 mortes de 3.696 casos de febre hemorrágica, de acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os outros dois países do oeste africano mais atingidos pela pior epidemia de ebola da história são Guiné (710 mortes em 1.157 casos) e Serra Leoa (622 mortes em 2.304 casos).
O recente otimismo de Sirleaf não é compartilhado pela OMS, que advertiu esta semana que a epidemia havia apresentado um crescimento "explosivo" e poderia contaminar 20 mil pessoas até novembro na África Ocidental.
Os sistemas de saúde dos três países estão completamente saturados pela magnitude da pandemia, e embora a ajuda começa a chegar, a comunidade internacional demorou a reagir.
Nos Estados Unidos, a preocupação aumenta com a possibilidade de transmissão deste vírus mortal após o diagnóstico tardio do primeiro caso fora da África, de um liberiano que chegou em 20 de setembro sem nenhum sintoma, mas que foi diagnosticado com ebola quatro dias depois.
O paciente procurou ajuda médica no dia 26, mas foi mandado para casa, tendo retornado ao Hospital Presbiteriano de Texas em 28 de setembro e sido colocado em quarentena.
Wall Street em estado de alerta
O período de incubação varia de 2 a 21 dias e uma pessoa que contraiu o vírus torna-se contagiante logo que os sintomas (dor de cabeça, febre ou vômitos) aparecem. O vírus não se transmite pelo ar, como a gripe, e só pode ser transmitido através do contato direto com fluidos contaminados, como sangue ou saliva.
O anúncio do primeiro caso de ebola nos Estados Unidos abalou as ações da American Airlines em Wall Street na quarta-feira.
As autoridades médicas não ratificaram qualquer tratamento para ebola, embora tratamentos experimentais têm sido testados, alguns dos quais, aparentemente, com sucesso. Mas vai demorar pelo menos vários meses antes de um tratamento ser aprovado e produzido em larga escala.
O Banco Africano de Desenvolvimento anunciou na quarta-feira 155 milhões de dólares em ajuda para a Libéria, Guiné, Serra Leoa e Costa do Marfim (que não está afetado) para combater a epidemia.
Na Guiné, onde a epidemia foi declarada em dezembro, o presidente Alpha Condé indicou que "o primeiro antídoto é a informação."
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)