Médico se prepara para atender a pacientes com ebola, na Guiné (AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 16h39.
Washington - O maior surto de ebola da história pode drenar bilhões de dólares das economias do oeste da África até o final do ano se a epidemia não for contida, disse o Banco Mundial em uma análise divulgada nesta quarta-feira.
A entidade global de auxílio financeiro previu que a demora na contenção do vírus mortal em Guiné, Libéria e Serra Leoa pode levar a um contágio regional mais amplo, particularmente em consequência do turismo e do comércio.
Na pior das hipóteses, o crescimento econômico da Guiné pode ser reduzido em 2,3 pontos percentuais no ano que vem, e o crescimento de Serra Leoa pode sofrer um corte de 8,9 pontos percentuais.
A Libéria seria a mais atingida, com uma redução de 11,7 pontos percentuais no próximo ano.
“Realmente precisamos intensificar nossa reação, e o que descobrimos com este estudo é que o tempo é crucial”, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, aos repórteres.
Mesmo na melhor das hipóteses, os países precisariam de uma intensificação “de grande porte” em sua reação para conter a doença nos próximos quatro a seis meses, afirmou o banco.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que o surto exige gastos de um bilhão de dólares para limitar sua disseminação. “Esse um bilhão de dólares é algo de que precisamos já, e pode aumentar rapidamente se não reagirmos”, afirmou Kim.
Na terça-feira os Estados Unidos anunciaram que irão enviar três mil soldados para ajudar a lidar com o surto de ebola.
O próprio Banco Mundial prometeu cerca de 200 milhões de dólares em assistência emergencial para Guiné, Libéria e Serra Leoa, os três países mais afetados.
A entidade previu que as três nações perderão 359 milhões de dólares de sua produção econômica este ano, além de já terem uma carência significativa de fundos da ordem de quase 300 milhões de dólares.
A inflação e o preço dos alimentos também começaram a subir devido à escassez, ao armazenamento e à especulação, segundo o banco.
A incapacidade de conter a febre hemorrágica logo também pode afetar os negócios com países vizinhos como Nigéria – que também tem casos de ebola –, Gana e Senegal.
“A análise mostra que os maiores efeitos econômicos da crise não são resultado dos custos diretos... mas daqueles resultantes da aversão desencadeada pelo temor de contágio”, afirmou a entidade em um comunicado.