Monróvia - A epidemia de ebola seguia ganhando espaço na Libéria, país mais afetado por este vírus, ao mesmo tempo em que a morte de 13 pessoas por uma febre de origem indeterminada na República Democrática do Congo despertava preocupação.
Pela primeira vez, foram registrados casos de ebola no sudeste da Libéria, perto da fronteira com a Costa do Marfim, informaram nesta sexta-feira várias fontes.
Tratava-se da última região atingida por esta epidemia que está assolando a África Ocidental desde o início do ano, afirmou George Williams, secretário-geral do sindicato dos serviços de saúde do país.
Há "dois mortos em Gbokon-jelee", uma cidade do sudeste que atrai um grande número de comerciantes de ouro de todo o país, e inclusive da Costa do Marfim. O médico responsável da região, George Daouda, confirmou um caso de ebola.
O coordenador da ONU contra o ebola, o doutor David Nabarro, chegou na quinta-feira a este país em plena crise de saúde, em sua primeira etapa de um giro nos quatro países afetados (Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria).
O desafio consiste em poder enfrentar um novo surto "caso seja necessário", explicou na quinta-feira à AFP este epidemiologista britânico a partir de Conakry.
A Libéria é considerada o país menos preparado dos quatro afetados para enfrentar a epidemia, levando-se em conta o número irrisório de médicos com os quais conta: 0,1 para 10.000 habitantes, contra 2,6 em média na África, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Além disso, o único crematório do país está abarrotado com dezenas de corpos recolhidos diariamente, segundo a Cruz Vermelha liberiana.
Esta epidemia sem precedentes desde a descoberta desta doença, em 1976, deixou até o momento 1.350 mortos, segundo o último balanço da OMS de 18 de agosto.
"Os sistemas de saúde dos países afetados tinham problemas antes (da epidemia). Agora estão afundados", afirmou a representante especial do secretário-geral da ONU para a Libéria, Karin Landgren.
Um avião russo com uma equipe de virologistas e um laboratório móvel chegou nesta sexta-feira à capital da Guiné.
Plano de operações por país
A República Democrática do Congo anunciou na noite de quinta-feira a morte de 13 pessoas por uma febre hemorrágica de origem indeterminada na mesma província congolesa do Ecuador (noroeste) onde o vírus do ebola foi descoberto pela primeira vez, em 1976.
Mas a OMS e a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmaram nesta sexta-feira que era muito cedo para falar de uma febre hemorrágica.
"Muitos morreram apresentando sintomas hemorrágicos, mas também há casos graves de malária que criam este tipo de sintomas, ou a febre tifóide", declarou à AFP, sob condição de anonimato, um funcionário da OMS baseado em Kinshasa.
Foram feitas análises e os resultados serão divulgados em sete dias, indicaram as autoridades da RDC.
A OMS trabalha na preparação de um documento de operações para guiar a luta contra a doença.
"Se tratará de um plano de operações por país", explicou de Genebra um porta-voz da organização, Fadela Chaib.
O documento estará pronto "provavelmente na próxima semana" e também abordará as necessidades financeiras, acrescentou.
A Nigéria, o país mais populoso da África, é o menos afetado pelo vírus, com cinco mortos. No entanto, foram registrados novos casos nesta sexta-feira, o que eleva a 14 o número total de casos confirmados.
Um fio de esperança apareceu, no entanto, com a melhora significativa, segundo a OMS, do estado de saúde de um médico e de uma enfermeira que recebem um soro experimental americano, o ZMapp.
Nos Estados Unidos, as duas primeiras pessoas que receberam este soro experimental, um médico e uma missionária da organização beneficente Samaritan's Purse, saíram curados do hospital, onde haviam sido internados depois de serem repatriados.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)