Kim Jong Un: esta "detonação feita por humanos" não foi o que dizem as autoridades norte-coreanas, segundo especialista (Kyodo / Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2016 às 16h08.
Viena - A magnitude da explosão registrada ontem na Coreia do Norte, inferior ao último teste nuclear realizado por esse país em 2013, faz com que seja "pouco provável" que se trate de uma bomba de hidrogênio como assegura Pyongyang, afirmou nesta quinta-feira um dirigente das Nações Unidas em Viena.
O secretário-executivo da Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO), Lassina Zerbo, ressaltou que a magnitude da detonação foi de 4,85 pontos na escala Richter, frente aos 4,9 pontos de três anos atrás.
Isso indicaria, segundo disse o responsável da CTBTO à imprensa, que esta "detonação feita por humanos" não foi o que dizem as autoridades norte-coreanas, que falam de uma bomba de hidrogênio.
Os analistas da CTBTO esperam receber nas próximas 24 horas, "o mais tardar amanhã (sexta-feira) à tarde", dados suficientes sobre possíveis emissões de radionuclídeos (isótopos radioativos) para poder determinar com mais certeza a origem da detonação, assinalou Zerbo após uma reunião da comissão preparatória da CTBTO.
Em todo caso, destacou que mesmo a detecção de radionuclídeos não significa que a CTBTO possa determinar ou analisar com certeza se foi uma bomba de hidrogênio ou não.
"Não importa a natureza deste teste. Estamos aqui para deter qualquer explosão nuclear. É nosso trabalho e mandato, assegura que o sistema é uma dissuasão para conter potenciais violadores que queiram realizar uma explosão nuclear", destacou o especialista de Burkina Fasso, à frente da CTBTO desde 2013.
Zerbo fez hoje um novo apelo à comunidade internacional para que se consigam as oito últimas ratificações nacionais para que sua organização possa oficialmente entrar em vigor.
"Precisamos de mais líderes para tornar a CTBTO uma prioridade. Mais testes (nucleares) só podem levar a mais proliferação nuclear", comentou o responsável da CTBTO, cujo tratado completa 20 anos de existência em 2016.
Para sua entrada em vigor se requer ainda que oito países com grandes programas nucleares ratifiquem esse tratado. Trata-se de Estados Unidos, China, Egito, Irã, Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte.
A CTBTO conta com uma rede de 300 estações de medição, repartidas por todo o globo, que detecta em questão de minutos qualquer grande detonação, seja artificial ou natural.