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É hora de passar às questões mais difíceis, diz AIEA

AIEA quer passar às questões mais difíceis sobre o programa nuclear iraniano

O diretor geral da AIEA, Yukiya Amano: "começamos por medidas práticas e fáceis de aplicar, depois passamos às coisas mais difíceis" (Dieter Nagl/AFP)

O diretor geral da AIEA, Yukiya Amano: "começamos por medidas práticas e fáceis de aplicar, depois passamos às coisas mais difíceis" (Dieter Nagl/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 08h13.

Viena - Após os recentes progressos no caso do programa nuclear iraniano, a AIEA quer passar "às questões mais difíceis", abordando o delicado tema do eventual capítulo militar de Teerã, declarou seu diretor-geral, Yukiya Amano, em uma entrevista exclusiva à AFP.

"Nós começamos por medidas práticas e fáceis de aplicar, depois passamos às coisas mais difíceis", destacou na quinta-feira o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"É claro, nós desejamos incluir as questões (relacionadas) à possível dimensão militar nas próximas etapas", acrescentou.

Para a AIEA, trata-se de determinar se o Irã trabalhou na elaboração da bomba atômica antes de 2003, ou depois.

Em um severo relatório divulgado em 2011, esta agência da ONU havia apontado diversos elementos, apresentados como críveis, indicando que esta possibilidade não podia ser excluída. Este relatório foi rejeitado pelo Irã, que sempre negou ter desejado produzir um arsenal militar nuclear.

A AIEA e o Irã negociaram em vão durante dois anos para tentar alcançar um acordo que permitisse à agência verificar as questões levantadas neste relatório.

Mas a chegada à presidência iraniana do moderado Hassan Rohani, eleito em junho, desbloqueou as negociações, e ambas as partes alcançaram, no dia 11 de novembro, um primeiro acordo de seis pontos, entre os quais se destaca uma visita ao reator de água pesada de Arak ou a uma mina de urânio.

No entanto, o texto não fazia referência alguma à possível dimensão militar do programa iraniano.

"Já discutimos (isso) e seguiremos fazendo isso em nossa próxima reunião", que está prevista para o dia 8 de fevereiro. "E espero que possamos chegar a um resultado concreto, a um acordo", indicou Amano durante a entrevista, realizada na quinta-feira em seu gabinete da sede da AIEA em Viena.


A possível dimensão militar do programa iraniano também é uma questão central do histórico acordo assinado no dia 24 de novembro em Genebra entre as grandes potências (Estados Unidos, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) e o Irã, ainda que não esteja citada explicitamente.

"Quando falamos das questões do passado e do presente, isto inclui naturalmente a possível dimensão militar", explicou o diplomata, de 66 anos.

Resolver estas questões "pode ser rápido ou longo. Depende muito do Irã. Depende realmente de sua cooperação", insistiu. A AIEA critica Teerã há anos por sua falta de cooperação que, segundo a agência da ONU, alimenta as dúvidas sobre os objetivos do programa nuclear.

O acordo de Genebra, aplicado desde 20 de janeiro e que tem uma vigência de seis meses, prevê que a República Islâmica congele uma parte de suas atividades nucleares em troca do levantamento parcial das sanções internacionais, que afogam a economia iraniana.

Esta é a primeira etapa em direção à negociação de um acordo no longo prazo com o objetivo de colocar fim a 10 anos de uma dura disputa entre Teerã e a comunidade internacional.

O chefe da AIEA não quis se pronunciar sobre as possibilidades de alcançar efetivamente um acordo. "Especular sobre o futuro é muito difícil", brincou. "Há seis meses esta situação não poderia ter sido prevista. Há um ano, parecia totalmente impossível!", destacou Amano em referência aos recentes avanços.

No âmbito do acordo, a agência tem a dura tarefa de garantir que o Irã aplique os compromissos aos quais aderiu, sobretudo a suspensão do enriquecimento de urânio a 20%. O Ocidente e Israel sempre suspeitaram que o país quer alcançar o enriquecimento a 90%, o nível necessário para a fabricação de uma bomba atômica.

Se a AIEA constatar o mínimo desvio, então "informaremos imediatamente aos países membros da agência", afirmou o diretor-geral.

Yukiya Amano mostrou-se confiante em conseguir os 5,5 milhões de euros necessários para colocar em andamento sua missão no Irã, e destacou que "mais de uma dúzia" de países membros do conselho de governadores anunciaram sua intenção de contribuir.

"É um gesto bastante encorajador", considerou. "Há tanto tempo que fazemos um bom trabalho... Estou certo de que os Estados membros nos apoiarão".

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