Mundo

Duterte diz que já matou "pessoalmente" para dar exemplo

Duterte fez o comentário em um discurso para empresários ao mencionar a campanha para erradicar o narcotráfico

Rodrigo Duterte: "Se vocês dizem que eu matei alguém, talvez eu tenha feito isto" (REUTERS/Lean Daval Jr)

Rodrigo Duterte: "Se vocês dizem que eu matei alguém, talvez eu tenha feito isto" (REUTERS/Lean Daval Jr)

A

AFP

Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 09h35.

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, afirmou nesta quarta-feira que matou pessoalmente supostos criminosos quando era prefeito de Davao, principal cidade do sul do país, com o objetivo de dar o exemplo à polícia.

Duterte fez o comentário em um discurso para empresários ao mencionar a campanha para erradicar o narcotráfico, uma operação que provocou a morte de milhares de pessoas desde que ele tomou posse como presidente, em 30 de junho.

Ao citar as pessoas mortas pela polícia na atual guerra contra o narcotráfico, Duterte disse que havia liderado uma política similar quando era prefeito de Davao, que ele governou por duas décadas.

"Em Davao eu costumava fazer pessoalmente. Apenas para mostrar aos jovens (policiais) que, se eu podia fazer, por que vocês não poderiam", afirmou Duterte em um discurso no palácio presidencial.

"Saía por Davao em uma motocicleta, com uma moto enorme ao lado, para patrulhar as ruas, e também procurando problemas. Realmente estava procurando um confronto para poder matar".

Duterte, um advogado de 71 anos, também respondeu às críticas dos organismos de defesa dos direitos humanos e do presidente americano Barack Obama sobre sua brutal campanha contra o narcotráfico e afirmou que vai prosseguir com sua política.

"Se pensam que vou parar porque tenho medo dos grupos de direitos humanos e caras como Obama, desculpe, eu não vou fazer isto", disse.

Diante de expatriados filipinos durante uma visita ao Camboja na terça-feira, Duterte fez piada sobre o tema, ao contar que quando era prefeito acompanhava os policiais e atirava contra suspeitos.

"Às vezes eu ia com eles. Se vocês dizem que eu matei alguém, talvez eu tenha feito isto. Fechava os olhos porque tinha medo de atirar", disse Duterte.

Organizações de defesa dos direitos humanos acusaram Duterte de ter liderado esquadrões da morte em Davao que eliminaram mais de 1.000 pessoas, incluindo menores de idade.

Duterte já negou e também já admitiu ter desempenhado um papel nos esquadrões da morte.

Ele venceu a eleição presidencial de maio com ampla vantagem graças à promessa de ampliar a todo o arquipélago a política de repressão implementada no município de Davao. Duterte prometeu que 100.000 criminosos seriam mortos e que os corpos serviriam de alimento para os peixes da baía de Manila.

Em cinco meses de presidência, a polícia informou que matou 2.086 pessoas em operações de combate às drogas. Outras 3.000 morreram em circunstâncias não esclarecidas, de acordo com o balanço oficial.

Com frequência, homens encapuzados invadem os bairros pobres e favelas para matar pessoas consideradas suspeitas de narcotráfico ou pelo uso de drogas.

Os ativistas dos direitos humanos denunciam o fim do Estado de direito e citam a atuação, com total impunidade, de matadores de aluguel.

Duterte alega que a polícia atua em legítima defesa e que muitas mortes são provocadas por acertos de contas entre grupos criminosos.

Além disso, o presidente já afirmou que não permitirá que policiais declarados culpados de assassinato em sua campanha de combate às drogas sejam enviados à prisão.

De acordo com pesquisas, a ampla maioria dos filipinos apoia a ofensiva presidencial, por considerar, como repete Duterte, que esta é a única maneira de impedir que o arquipélago se transforme em um narcoestado.

Acompanhe tudo sobre:CrimeDrogasFilipinasMortes

Mais de Mundo

Presidente do Paraguai está “estável”, diz primeiro boletim médico de hospital no RJ

Presidente paraguaio passa mal no G20 e é hospitalizado no Rio de Janeiro

Nova York aprova pedágio urbano de R$ 52; entenda como funciona

Líbano e Hezbollah concordam com plano de cessar-fogo dos EUA, diz Reuters