JMJ: "onde está Deus se no mundo existe o mal, se há pessoas passando fome, que não têm um lar, que fogem, que buscam refúgio?", perguntou (Mateusz Skwarczek / Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2016 às 15h57.
O papa Francisco presidiu nesta sexta-feira (29) em Cracóvia uma original e moderna Via Sacra com os jovens do mundo inteiro, durante a qual clamou pelos "excluídos" de todo o mundo: pobres, doentes, presos, desempregados, perseguidos, refugiados e imigrantes.
"Onde está Deus se no mundo existe o mal, se há pessoas passando fome, que não têm um lar, que fogem, que buscam refúgio?", perguntou diante de uma multidão heterogênea de jovens de todas as nacionalidades reunidos na esplanada de Błonia.
"Nesta tarde, Jesus, e nós juntos com ele, abraçamos com especial amor nossos irmãos sírios, que fugiram da guerra. Os saudamos e acolhemos com amor fraternal e simpatia", reiterou o papa argentino.
"Somos chamados a servir a Jesus crucificado em toda pessoa marginalizada, a tocar a carne bendita de quem está excluído", disse o papa no fim das 14 estações, comentadas e ilustradas por bailarinos de dança clássica, com vídeos e músicas para narrar as dores e os males do mundo moderno.
Na primeira estação, dedicada a Jesus condenado à morte, um dançarino com uma túnica branca ilustrou um dos momentos mais importantes do calvário vivido por Jesus para denunciar um dos dramas que assola a Europa: o dos migrantes.
"Rejeitamos dar hospitalidade às pessoas que buscam uma vida melhor, que batem à porta de nossos países, igrejas e casas. São estrangeiros e os vemos como inimigos, tememos sua religião, sua pobreza", denunciou o representante da comunidade católica de San Egidio nessa reflexão.
"Jesus, tu fostes condenado à morte junto com os 30.000 refugiados que perderam a vida no Mediterrâneo nos últimos anos. Quem assinou a sua sentença?", questiona o representante de uma das organizações mais comprometidas em ajudar os imigrantes que atravessam em embarcações o mar para tentar entrar no velho continente.
O sóbrio espetáculo, com bailarinos rigorosamente vestidos de branco que formavam imagens sobre o tema acompanhados por uma mistura de música clássica e moderna, foi seguido quase o tempo todo em silêncio pelos jovens que escutavam as traduções com fones de ouvido.
Em cada uma das estações, o caminho da cruz, "que não é um caminho sadomasoquista", disse o papa, era originalmente ilustrada e comentada pelas organizações católicas dos cinco continentes encarregados das cenas e que incluiu, entre outras coisas, uma enorme virgem branca com um véu azul e um Jesus Cristo vestido com traje completo e uma gravata que caía da cruz.