Iván Duque: "Se o ELN possui verdadeira vontade de desmobilização, desarme e reinserção, deve libertar os sequestrados de maneira rápida e sem condições" (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 10 de agosto de 2018 às 20h18.
Bogotá - O presidente da Colômbia, Iván Duque, alertou nesta sexta-feira a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) que não irá aceitar intimidações, horas após o grupo rebelde pedir aceitação de protocolos para libertar sete militares e dois civis sequestrados na última semana.
Os protocolos incluem fim de operações militares para permitir que uma comissão humanitária com delegados da Cruz Vermelha, Igreja Católica e outros órgãos humanitários possam entrar para receber os reféns em poder dos insurgentes.
"Se o ELN possui verdadeira vontade de desmobilização, desarme e reinserção, deve libertar os sequestrados de maneira rápida e sem condições", disse Duque no porto de Tumaco, uma das zonas mais violentas da Colômbia e com extensas plantações de folhas de coca.
"Porque não vou aceitar, como presidente dos colombianos, que nos intimidem com o sequestro. Nem que o sequestro seja convertido em um mecanismo para chantagear o Estado colombiano. Não vamos aceitar a intimidação e a chantagem como um mecanismo para se aproximar do governo", acrescentou.
O ELN, que conta com cerca de 1.500 combatentes e é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, sequestrou há uma semana na região de Chocó três policiais, um soldado e dois civis. O grupo capturou na quarta-feira três soldados na região de Arauca, próxima à fronteira com a Venezuela.
O governo do ex-presidente Juan Manuel Santos manteve uma negociação durante 17 meses no Equador e em Cuba com o grupo guerrilheiro, mas Duque, que assumiu na terça-feira, anunciou que irá examinar a continuidade do diálogo durante os próximos 30 dias. Analistas acham difícil que o novo mandatário continue o processo de paz.
Duque condiciona a negociação a uma declaração do ELN de um fim unilateral de hostilidades e concentração de todos seus combatentes em uma zona demarcada com supervisão internacional, demandas que no passado foram rejeitadas pelo grupo rebelde, integrado em seu início por sacerdotes católicos radicais.
O ELN, acusado de se financiar através de sequestros, extorsões, narcotráfico e mineração ilegal, fracassou com outros governos na busca de um acordo de paz por conta de suas posições radicais.