Mundo

DUP e Sinn Féin lideram eleições norte-irlandesas

O partido nacionalista, antigo braço político do já inativo IRA, obteve 27,91% de votos de primeira preferência, contra 28,06% do DUP

Irlanda do Norte: perante os desafios do brexit, a população respondeu ao chamado dos partidos e 64,8% do eleitorado exerceu ontem seu direito ao voto (Toby Melville/Reuters)

Irlanda do Norte: perante os desafios do brexit, a população respondeu ao chamado dos partidos e 64,8% do eleitorado exerceu ontem seu direito ao voto (Toby Melville/Reuters)

E

EFE

Publicado em 3 de março de 2017 às 18h05.

Dublin - O majoritário Partido Democrático Unionista (DUP) e o Sinn Féin se firmam como os mais votados nas eleições autônomas realizadas nesta quinta-feira na Irlanda do Norte após o colapso do governo de poder compartilhado, enquanto continua hoje a apuração dos sufrágios.

O partido nacionalista, antigo braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), obteve 27,91% de votos de primeira preferência, contra 28,06% do DUP, que defende as 38 cadeiras conseguidas nas eleições regionais de maio de 2016, frente às 28 do Sinn Féin.

Embora a diferença seja mínima, na apuração final a balança pode pender significativamente para um dos dois grandes partidos após a transferência de votos de outras legendas, como permite o complexo sistema eleitoral norte-irlandês, cujo resultado deve sair amanhã, sábado.

Seja como for, DUP e Sinn Féin voltarão a dominar a Assembleia de Belfast, que passará de 108 para 90 parlamentares, e durante as próximas três semanas terão que negociar a formação de um novo governo de poder compartilhado, apesar de terem profundas diferenças.

A grande atuação dos nacionalistas coincide com a chegada à liderança do partido de Michelle O'Neill, em substituição ao histórico Martin McGuinness, que em janeiro abandonou a política por uma grave doença.

Poucos dias antes, McGuinness, comandante do IRA durante parte do conflito na Irlanda, tinha renunciado a seu posto de vice-ministro principal por um caso de corrupção na política de energias renováveis do governo do líder do DUP, Arlene Foster, o que provocou sua queda e a convocação de novas eleições.

Apesar desse escândalo financeiro, a ex-ministra principal também está a caminho de conseguir um bom resultado que, assim como Michelle, o atribuiu à mobilização do eleitorado no pleito mais importante desde a assinatura do Acordo da Sexta-Feira Santa em 1998, que pôs fim a quase quatro décadas do sangrento conflito.

Perante os desafios que a saída do Reino Unido da União Europeia apresenta, a população respondeu ao chamado dos partidos e um total 812.783 norte-irlandeses, 64,8% do eleitorado, exerceram ontem seu direito ao voto, contra os 54,9% que foram às urnas há 11 meses.

Neste sentido, o presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, afirmou hoje em Belfast que a província rejeitou nas urnas o "Brexit", perante a possibilidade deste divórcio provocar o restabelecimento de uma fronteira estrita com a República da Irlanda e danificar a economia e o processo de paz.

Tampouco o DUP, que fez campanha a favor da saída do bloco comunitário, quer a volta das "fronteiras do passado" e, embora defenda a permanência da região no Reino Unido, pede que Bruxelas conceda à autonomia um status especial.

Seu temor é que, com o auge do nacionalismo, o Sinn Féin aumente seus esforços para conseguir a convocação de um referendo sobre a reunificação da ilha, após a Irlanda do Norte rejeitar o "Brexit" na consulta do último dia 23 de junho.

Até a chegada desse hipotético dia, os nacionalistas também defendem que a região tenha uma posição especial no bloco comunitário após a saída do Reino Unido.

"Qualquer que seja sua postura sobre a questão constitucional, a única maneira de parar o restabelecimento de uma fronteira entre um Estado europeu e o Estado britânico nesta ilha é através de um status especial", ressaltou Adams.

Por trás dos grandes partidos, acompanhando a situação de longe, estão o Partido Unionista do Ulster (UUP), o Partido Social-Democrata Trabalhista (SDLP, nacionalista) e o multirreligioso Partido Aliança, legendas que decidiram deixar o Executivo de poder compartilhado após as eleições de 2016.

Se, como tudo indica, estes partidos decidirem ficar na oposição na próxima legislatura, o DUP e o Sinn Féin estão condenados a se entender não só quanto a questões relacionadas com a política social ou linguística, mas também sobre o "Brexit".

Os Executivos britânico e irlandês advertiram que se os dois partidos majoritários não chegarem a um pacto de governabilidade em três semanas, a autonomia norte-irlandesa poderia ser suspensa e controlada diretamente desde Londres.

Acompanhe tudo sobre:BrexitEleiçõesIrlandaReino Unido

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições