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Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Incursões frequentes expõem lacunas em políticas de defesa e coordenação entre agências

Drones sobrevoam bases militares dos EUA, expondo lacunas em segurança e coordenação governamental. (Reprodução X )

Drones sobrevoam bases militares dos EUA, expondo lacunas em segurança e coordenação governamental. (Reprodução X )

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 12h08.

Última atualização em 23 de dezembro de 2024 às 13h18.

O aumento das incursões de drones sobre bases militares nos Estados Unidos acendeu um alerta sobre a falta de políticas claras e coordenadas para lidar com a ameaça potencial que esses dispositivos representam à segurança nacional. Desde os avistamentos de drones em Joint Base Langley-Eustis, na Virgínia, no ano passado, e do balão espião chinês em 2023, as autoridades têm enfrentado desafios para responder a essas situações de maneira eficaz. A reportagem é da CNN.

Neste mês, a base do Corpo de Fuzileiros Navais de Camp Pendleton, na Califórnia, registrou seis incursões de drones em seis dias. Embora as autoridades afirmem que esses eventos não impactaram operações aéreas ou terrestres, a repetição dos casos em outras bases, como Wright-Patterson, em Ohio, e Picatinny Arsenal, em Nova Jersey, mostra um padrão preocupante.

Em um incidente na Califórnia, um cidadão chinês residente permanente nos EUA foi preso, levantando questões sobre possíveis tentativas de espionagem ou testes de vulnerabilidades nas bases. No entanto, muitos dos avistamentos de drones foram atribuídos a pilotos amadores ou confusões com aeronaves tripuladas.

Lacunas na resposta governamental

Apesar dos riscos crescentes, especialistas apontam a ausência de uma política unificada para lidar com incursões de drones. Não há clareza sobre qual agência é responsável por identificar a origem dos drones ou tomar medidas.

Um assessor do Senado destacou, segundo a CNN, que essa falta de definição resulta em uma constante troca de responsabilidades entre o Departamento de Defesa (DoD) e o Departamento de Segurança Interna (DHS).

As autoridades militares podem proteger instalações e responder a ameaças, mas identificar a origem de drones que saem do espaço aéreo militar é um desafio devido às leis que limitam a coleta de inteligência dentro das fronteiras dos EUA.

Essa lacuna de políticas é um problema que, segundo o general aposentado Glen VanHerck, precisa de prioridade.

Atraso na legislação e desafios tecnológicos

A evolução da tecnologia de drones tem superado a capacidade do governo de se adaptar. Apesar de recentes avanços no desenvolvimento de estratégias de combate a sistemas não tripulados, autoridades admitem que a legislação ainda não acompanha esse fenômeno.

O Congresso foi instado por órgãos como o DoD, o DHS e o FBI a aprovar legislações que ampliem as autoridades para identificar e mitigar ameaças de drones.

Segundo o general aposentado Rob Spalding, a falta de ação legislativa deixa os EUA vulneráveis, destacando que "essa é uma ameaça que ainda não conseguimos enfrentar em escala".

Segurança nacional em um contexto doméstico

Especialistas também apontam uma percepção equivocada de que conflitos e ameaças ocorrem apenas no exterior, como no Mar da China ou na Europa.

Entretanto, as incursões de drones são um exemplo de como desafios tecnológicos e estratégicos estão ocorrendo dentro do território americano.

Conforme ressaltado por militares e legisladores, a segurança nacional exige uma mudança de paradigma que inclua ameaças domésticas. Até que a liderança do governo federal coordene esforços, especialistas alertam que os EUA continuarão expostos a essas vulnerabilidades, sem uma resposta clara ou eficaz para mitigar o problema.

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