Kiev - Dois civis morreram baleados em Donetsk, no leste da Ucrânia, e os combates prosseguiam nesta quarta-feira nos arredores do aeroporto da cidade, um dia depois de Kiev aprovar conceder mais autonomia e realizar eleições nas regiões separatistas pró-Rússia.
"Duas pessoas civis morreram e três ficaram feridas", indicou nesta quarta-feira a prefeitura do reduto separatista de Donetsk.
Seu aeroporto, sob o controle do exército ucraniano, é palco há dias de trocas de tiros de artilharia, apesar do cessar-fogo assinado entre Kiev e os insurgentes pró-russos no dia 5 de setembro em Minsk.
Segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais do exército e das autoridades locais, as duas novas vítimas elevam a 30 o balanço de mortos - 14 civis e 16 militares - desde a entrada em vigor do acordo.
Neste contexto, os deputados ucranianos adotaram na terça-feira um projeto de lei para conceder um status especial às regiões dos redutos separatistas de Donetsk e Lugansk, a realização de eleições no dia 7 de dezembro, e uma lei de anistia com condições para os combatentes.
Estes textos, adotados no mesmo dia em que os Parlamentos ucraniano e europeu ratificaram o Acordo de Associação entre Kiev e a UE - o que afasta ainda mais a Ucrânia da esfera de Moscou - são vistos como um gesto de abertura do presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
Além disso, formam parte das condições do acordo de cessar-fogo assinado para colocar fim a um conflito que deixou quase 2.900 mortos e mais de meio milhão de deslocados em cinco meses.
A União Europeia (UE) considerou nesta quarta-feira que a anistia aos combatentes pró-russos e a lei que concede o status especial a Donetsk e Lugansk são passos importantes para uma solução política.
"A anistia e o status especial são passos importantes para encontrar uma solução política duradoura", indicou Maja Kojicancic, porta-voz do serviço diplomático do bloco.
"Nosso ponto de vista é que a Ucrânia cumpriu com seus compromissos do plano de paz", acrescentou.
Em um comunicado enviado pelos serviço diplomático da UE posteriormente, um porta-voz informou que a UE "está à espera de que a Rússia e os separatistas implementem em breve os pontos pendentes do acordo de Minsk, em particular a retirada da Ucrânia dos grupos armados ilegais, do equipamento militar e dos combatentes e mercenários".
Rejeição à eleição
O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexandre Zajarshenko, disse nesta quarta-feira que os separatistas pró-russos rejeitam que as autoridades ucranianas organizem eleições antecipadas na região do Donbass.
"Temos nosso próprio conselho supremo e decidiremos quais eleições organizar e em que data", afirmou, segundo a agência russa Interfax.
Por sua vez, o líder separatista de Lugansk Alexei Karyakin declarou à agência Itar-Tass que as medidas de Kiev eram "um passo na direção certa".
Kiev prevê estabelecer um governo autônomo provisório de três anos a partir da adoção do texto e a realização de eleições em nível "de distritos, conselhos municipais e conselhos locais" nas regiões de Donetsk e Lugansk.
O Estado também garante a utilização do russo no setor público, para relaxar os temores dos habitantes ocais, principalmente de língua russa, de que fossem proibidos de usar essa língua.
Em Kiev, que se encontra em pleno período pré-eleitoral para as legislativas de 26 de outubro, alguns partidos políticos analisam a situação com pessimismo.
A ex-primeira-ministra Yulia Timochenko advertiu que o leste da Ucrânia cairá "sob o controle total do Exército russo e dos terroristas financiados, apoiados e enviados à Ucrânia por ordem de Vladimir Putin", o presidente russo.
Já Oleg Tyagnybok, líder do partido nacionalista Svoboda, classificou esta oferta de maior autonomia de "capitulação (de Kiev) na guerra russo-ucraniana".
A Rússia, acusada por Kiev e pela Rússia de fornecer armas e tropas aos separatistas do leste, não reagiu até o momento à decisão do Parlamento ucraniano.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)