Trump: a menos de 90 dias da eleição, a campanha de Trump nada em um mar de controvérsias (Eric Thayer / Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2016 às 21h37.
Donald Trump voltou a modificar nesta quarta-feira sua equipe de campanha para fazer frente a sua rival Hillary Clinton, que aparece cada vez mais como favorita nas presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
O candidato presidencial republicano contratou Stephen Bannon, ex-banqueiro do Goldman Sachs e presidente-executivo do site ultraconservador Breitbart News, como chefe-executivo da campanha, segundo um comunicado, enquanto uma das principais assessoras de Trump, Kellyanne Conway, pesquisadora republicana de longa data, será diretora de equipe.
"Conheço Steve e Kellyane há muitos anos. São extremamente capazes, são pessoas altamente qualificadas que amam vencer e sabem como vencer", afirmou Trump em um comunicado.
O magnata de 70 anos também anunciou que nesta semana sua campanha lançará publicidade na TV pela primeira vez, uma estratégia que surpreendeu os observadores, num momento em que sua corrida em direção à Casa Branca enfrenta dificuldades.
"Acredito que estamos integrando alguns dos melhores talentos em política, com a experiência e o conhecimento necessários para derrotar Hillary Clinton em novembro e continuar compartilhando minha mensagem e visão para tornar os Estados Unidos grandes de novo", disse Trump.
Para seus críticos, a associação com Bannon, um dos agitadores mais influentes do campo conservador parece ser um sinal de que Trump, longe de querer ter nas mãos os eleitores moderados, pretende voltar ao que lhe permitiu ascender nas primárias republicanas: grandes comícios barulhentos e declarações eufóricas e polêmicas, com o objetivo de captar a atenção da mídia, custe o que custar.
"Não há um novo Donald Trump. Isso é ele", disse Hillary em um comício em Ohio.
"É o mesmo homem que insulta famílias de soldados mortos em combate, degrada as mulheres, engana pessoas com deficiência e pensa que sabe mais sobre o Estado Islâmico que nossos generais", acrescentou.
A movimentação ocorre em um momento em que o presidente da campanha, Paul Manafort, é criticado depois de ser nomeado em um escândalo de corrupção na Ucrânia e enquanto Trump cai nas pesquisas.
Segundo uma pesquisa da NBC News/Survey Monkey divulgada na terça-feira, Hillary tem uma vantagem de seis pontos sobre Trump, 43% contra 37%, com dois candidatos de partidos menores totalizando 15%.
Primeira reunião de inteligência
Trump participou nesta quarta-feira da primeira reunião sobre informação confidencial com as agências americanas de inteligência, um privilégio reservado aos dois candidatos presidenciais.
Estas sessões, que Hillary também pode assistir de maneira separada, buscam preparam os candidatos com informações sobre a posição das ameaças mundiais contra os Estados Unidos.
A menos de 90 dias da eleição, a campanha de Trump nada em um mar de controvérsias.
Não muito depois de criticar a família de um soldado de origem muçulmana morto no Iraque, foi acusado na semana passada de incitar a violência contra Hillary em declarações sobre o direito de portar armas.
Enquanto isso, inúmeros republicanos de peso anunciaram que não votarão no milionário e os jornais publicam histórias de uma campanha em crise e assessores desconcertados por um candidato aparentemente incapaz de se conter ao lançar comentários de mau gosto.
A confiança em Trump tem diminuído entre os investidores, segundo aponta uma pesquisa da Bloomberg Politics/Morning Consul.
Em julho, 42% de eleitores que têm ativos na Bolsa, incluindo conta pessoais de aposentadoria, consideraram que suas ações serão mais lucrativas se o republicano Trump conquistar a presidência dos Estados Unidos, contra 50% em junho.
Mas o empresário nova-iorquino, que venceu 16 republicanos nas primárias, insiste em manter seu estilo.
"Eu não quero fazer rodeios", disse à emissora de Wisconsin WKB-TV. "Eu tenho que ser eu mesmo. Se começar a fazer rodeios, não serei honesto com as pessoas", acrescentou.
Segunda renovação
É a segunda renovação no auge da campanha de Trump, desde o dia 20 de junho, quando despediu seu então diretor de campanha, Corey Lewandowski, a quem era atribuído o êxito inicial do magnata nas primárias e que atraiu uma polêmica depois de supostamente ter sacudido o braço de uma jornalista de Breitbart.
Bannon, que foi descrito em um perfil pelo site Bloomberg em 2015 como "o operador político mais perigoso dos Estados Unidos", supervisionará operações e estratégias.
Conway que se concentrará na "comunicação", viajando regularmente com Trump, negou que as mudanças na equipe constituam uma reestruturação.
"É uma expansão para um período muito intenso do fim da campanha", declarou o jornal The New York Times.
"Nós nos reunimos como o 'núcleo de quatro' hoje", disse ao jornal, referindo-se a ela, a Bannon, Manafort e ao assessor de Manafort, Rick Gates.