Em uma reviravolta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que prefere evitar a imposição de tarifas à China, contradizendo declarações anteriores que indicavam uma postura mais agressiva.
"Temos um poder muito grande sobre a China, e isso são as tarifas, e eles não as querem... Eu prefiro não ter que usá-las. Mas é um poder tremendo sobre a China", disse Trump em entrevista à Fox News.
A declaração acontece dias após o presidente prometer uma nova tarifa de 10% sobre produtos chineses, gerando especulações sobre sua real intenção em relação à segunda maior economia global. A mudança de tom foi vista como uma tentativa de preservar as relações comerciais entre os dois países, cujas economias estão profundamente interligadas.
O mercado financeiro recebeu bem o posicionamento mais brando de Trump. O yuan apresentou alta de 0,6% tanto em mercados onshore quanto offshore, enquanto o índice CSI 300, que reflete o desempenho das principais empresas chinesas, avançou 0,8%. Esse otimismo reforça a percepção de que, ao menos por ora, uma escalada nas tensões comerciais pode ser evitada.
Relação com a China: promessas e pragmatismo
Trump construiu parte de sua campanha presidencial com promessas de tarifas rigorosas, chegando a mencionar taxações de até 60% sobre produtos chineses. Contudo, o diálogo com o presidente chinês, Xi Jinping, antes e após a posse, parece ter suavizado o discurso. Mesmo assim, a aplicação de tarifas continua sendo mencionada como uma possibilidade estratégica para proteger os interesses americanos.
Na posse de Trump, realizada em 20 de janeiro, o vice-presidente chinês, Han Zheng, marcou presença, indicando esforços para manter a diplomacia ativa. Entretanto, o presidente americano voltou a mencionar uma possível tarifa de 10%, prevista para 1º de fevereiro, ressaltando que o cenário ainda depende de negociações.
Outro ponto crítico que influencia as decisões comerciais é a relação entre China e Rússia, fortalecida em meio à guerra na Ucrânia. Trump afirmou que considera aplicar "massivas" sanções econômicas à Rússia caso o conflito não seja resolvido, reconhecendo que a China desempenha um papel relevante devido à sua parceria com Moscou. Uma escalada nas tensões com o "dragão do leste" poderia complicar ainda mais os esforços para mediar o conflito.
TikTok como peça no tabuleiro diplomático
Outra questão delicada nas relações sino-americanas é o futuro do TikTok. Sob a presidência de Joe Biden, foi assinada uma lei exigindo que a ByteDance, empresa chinesa responsável pela plataforma, vendesse suas operações nos EUA para evitar um banimento. Após assumir o cargo, Trump adiou a aplicação da lei e sugeriu uma negociação que permitiria ao governo americano controlar 50% da operação da plataforma, enquanto o restante ficaria com a ByteDance.
Além da China, Trump também falou sobre o Irã e a Coreia do Norte durante sua entrevista. Criticou os líderes iranianos como "fanáticos religiosos", enquanto elogiou o líder norte-coreano, Kim Jong Un, chamando-o de "um cara esperto". O presidente americano demonstrou interesse em retomar o diálogo com a Coreia do Norte, em contraste com sua abordagem crítica ao Irã.