Mundo

Donald Trump causa indignação entre latinos nos EUA

Ao entrar na corrida presidencial pelo partido, no mês passado, o bilionário chamou os mexicanos que ingressam de forma ilegal nos EUA de narcotraficantes

Rosto de Donald Trump (Getty Images)

Rosto de Donald Trump (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2015 às 06h42.

De canais de TV, como Univisión e NBC, a artistas, como Shakira ou América Ferrera, o magnata americano Donald Trump enfrenta uma onda de protestos por causa das suas declarações ofensivas contra mexicanos e causa preocupação no Partido Republicano, ávido pelo voto dos latinos.

A polêmica desencadeada por Trump "cria um redemoinho interno" no partido Republicado, explicou à AFP Susan McManus, professora de ciência política na Universidade do Sul da Flórida.

Ao entrar na corrida presidencial pelo partido, no mês passado, o bilionário chamou os mexicanos que ingressam de forma ilegal nos Estados Unidos de narcotraficantes, criminosos e estupradores.

"Quando o México manda sua gente (aos Estados Unidos) não manda os melhores", afirmou o excêntrico magnata de 69 anos. "Estão trazendo drogas, crimes e estupradores", disparou, gerando indignação geral.

Sua solução: construir um muro e forçar o México a financiá-lo.

Os comentários polêmicos são a marca registrada de Trump, empresário que fez fortuna na construção civil e adora aparecer na mídia.

Seu estilo sarcástico o levou a ter o próprio programa de TV, "O Aprendiz", na NBC, no qual 'demitia' um por um jovens executivos candidatos a vagas nas suas empresas.

Com as declarações sobre os mexicanos, ele provou do próprio veneno. O programa foi encerrado pela emissora, que rompeu relações comerciais com o magnata.

No México, essas declarações foram chamadas de "absurdas e prejudiciais".

A Univision, rede hispânica líder entre os latinos, uma das mais assistidas nos Estados Unidos, também rompeu relações comerciais, inclusive no que diz respeito ao concurso Miss Universo, organizado pela Trump Organization.

A linha de roupas do bilionário também foi retirada das lojas de departamento Macy's.

- Bom desempenho nas pesquisas -

"Muitas pessoas estão realmente indignadas por esses comentários muito impróprios, principalmente quando os republicanos caçam votos hispânicos", apontou McManus.

Mais de 70% dos latinos votaram em Barack Obama em 2012, e o partido Republicano tem dificuldade para atrair eleitores de minorias, em parte por conta da oposição contra a reforma migratória promovida pelo presidente atual.

Trump não parece estar muito afetado pelas críticas e permanece em segundo lugar nas pesquisas para as primárias republicanas, atrás de Jeb Bush, que é casado com uma mexicana.

Por isso é bem provável que o magnata ganhe mais uma plataforma para outras declarações polêmicas, através dos debates televisionados de agosto.

Sua estratégia é focada na base tradicional do partido, o eleitorado branco e conservador que domina as primárias, onde a rejeição aos imigrantes encontra um eco maior do que nas eleições gerais.

No entanto, numa campanha acompanhada de perto pela mídia, organizações civis e redes sociais, tudo que os candidatos disserem ficará "marcado durante toda a disputa, até o dia da eleição", analisou McManus.

- Apelo à mobilização -

Trump recebeu duras críticas dentro do próprio partido. "Essas declarações não são apenas ofensivas e inexatas, como também divisivas", lamentou o senador de origem cubana Marco Rubio.

"Não representam o partido Republicano e seus valores", enfatizou Jeb Bush.

Um dos únicos a apoiá-lo foi o senador Ted Cruz, crítico ferrenho da reforma migratória, que saudou a prioridade dada por Trump à segurança nas fronteiras.

A atual Miss Universo, a colombiana Paulina Vega, considerou "injustos" os comentários, mas descartou nesta segunda-feira abrir mão da coroa após Trump chamá-la de "hipócrita". Já a também colombiana Shakira chamou o bilionário de "racista".

A atriz de origem hondurenha América Ferrera, protagonista da série "Betty, a feia", agradeceu ironicamente Trump por ter despertado "um apelo à mobilização" dos latinos, que historicamente votam menos que outros grupos comunitários.

"Vamos calar você nas urnas. Vamos votar e usar nossa crescente posição na política americana", completou a atriz.

Acompanhe tudo sobre:CelebridadesDonald TrumpEmpresáriosEstados Unidos (EUA)Países ricosShakira

Mais de Mundo

Donald Trump nomeia Susie Wiles como chefe de gabinete

Milei terá encontro com Trump na semana que vem nos Estados Unidos

Setores democratas atribuem derrota de Kamala à demora de Biden para desistir da disputa

Pelúcias inspiradas na cultura chinesa viralizam e conquistam o público jovem