Vista de Reykjavik: um grupo de 25 cidadãos de diferentes origens trabalhou, assim, no projeto constitucional entre abril e julho de 2011 (©AFP/Archives / Odd Andersen)
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2012 às 16h16.
Reykjavik - Dois terços dos islandeses apoiaram as propostas de um comitê de cidadãos para redigir uma nova Constituição, segundo dados definitivos do referendo consultivo de sábado, divulgados nesta segunda-feira pela rede de TV pública RUV.
Em um exercício de democracia direta sem precedentes, 66,3% dos eleitores afirmaram que desejam que a futura Carta Magna se baseie no projeto apresentado.
A participação foi de 49%, muito abaixo dos 72,9% registrados no ano passado no referendo sobre a compensação que deveria ser dada aos britânicos e holandeses vítimas da quebra em 2008 do banco Icesave.
No referendo realizado no sábado, os islandeses deveriam responder sim ou não a seis perguntas sobre diferentes temas. Assim, 82,5% dos eleitores se pronunciaram contra a propriedade privada dos recursos naturais da Islândia e 57,% pela manutenção de uma Igreja de Estado.
"Fico feliz com o resultado e a participação (...) É superior ao previsto. É uma grande vitória para o processo democrático", considerou a chefe de governo islandesa, a social-democrata Johanna Sigurdardottir, segundo a RUV.
A proposta de uma nova Constituição foi redigida por uma comissão eleita em 2010 para revisar a lei fundamental composta por 25 cidadãos comuns.
A Islândia conta com pouco mais de 300.000 habitantes. A atual lei fundamental foi adotada em 1944, após a independência da Islândia da Dinamarca. Há muito tempo existe um acordo sobre a necessidade de reexaminá-la, mas sua reforma sempre foi adiada.
A crise econômica do país em 2008 desencadeou movimentos sociais massivos e levantou a reivindicação de que a futura Constituição fosse redigida por cidadãos comuns.
Um grupo de 25 cidadãos de diferentes origens trabalhou, assim, no projeto constitucional entre abril e julho de 2011 e o colocou na internet para que todos pudessem opinar e enriquecer o texto, antes de enviá-lo, no fim de julho de 2011, ao Parlamento, que decidiu submetê-lo a um referendo.