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Dois naufrágios na costa da Itália deixam ao menos 11 migrantes mortos e mais de 50 desaparecidos

Passageiros pagaram US$ 3,5 mil (R$ 19 mil) para viajar numa embarcação de cerca de 8 metros de comprimento

 (Guarda Costeira da Itália/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 17 de junho de 2024 às 15h43.

Última atualização em 17 de junho de 2024 às 15h55.

Pelo menos 11 migrantes morreram e dezenas estão desaparecidos após o naufrágio de duas embarcações em frente à costa da Itália, anunciou a Guarda Costeira italiana nesta segunda-feira. Nas redes sociais, a ONG alemã RespQship disse que seu navio de resgate havia socorrido 51 pessoas que estavam à deriva “em uma embarcação de madeira cheia de água” entre a costa da Líbia e a ilha italiana Lampedusa. A organização também afirmou ter encontrado dez pessoas mortas debaixo do convés.

Os sobreviventes são de Bangladesh, Paquistão, Egito e Síria, de acordo com a agência de notícias Ansa. Os migrantes teriam pago cerca de US$ 3,5 mil (R$ 19 mil, na cotação atual) para viajar na embarcação de 8 metros de comprimento.

A Guarda Costeira italiana disse ter resgatado 12 pessoas de um veleiro à deriva em frente à Calábria, mas uma delas morreu durante a operação. Ao todo, conforme a imprensa da Itália, cerca de 50 migrantes estão desaparecidos após o naufrágio.

A Rádio Radicale, por sua vez, publicou que não se sabe o paradeiro de 64 pessoas. Elas seriam nativas do Afeganistão e do Irã.

Rota mais perigosa do mundo

O resgate começou após um iate francês ter alertado as autoridades sobre um navio parcialmente afundado a cerca de 120 milhas náuticas (222 quilômetros) da costa. A embarcação conseguiu embarcar 12 sobreviventes, que foram transferidos para um navio mercante antes de serem levados ao porto de Roccella Jonica pelo barco da Guarda Costeira. De acordo com o órgão italiano, o veleiro afetado provavelmente zarpou da Turquia.

As buscas continuam com os dispositivos marítimos e aéreos da Itália e da agência europeia Frontex, acrescentou a Guarda Costeira, sem detalhar o número de pessoas reportadas como desaparecidas. Paralelamente, a ONG SOS Mediterrâneo anunciou ter resgatado 54 pessoas pela manhã, entre elas 28 menores desacompanhados a bordo de um bote inflável na área de buscas e salvamento da Líbia. Os resgatados foram atendidos no navio-ambulância Ocean Viking.

No ano passado, 3.155 pessoas morreram ou desapareceram enquanto cruzavam o Mediterrâneo, em comparação com 2.411 migrantes que morreram no ano anterior tentando chegar à Europa por mar, indicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM). A rota do centro do Mediterrâneo é uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo, e 80% das mortes registradas nas águas desse mar ocorrem nesta área.

A União Europeia (UE) propôs recentemente uma ampla reforma para fortalecer os controles migratórios em suas fronteiras. A primeira-ministra de extrema direita da Itália, Giorgia Meloni, prometeu reduzir o número de pessoas que chegam ao país de forma irregular por barco saindo do norte da África. O governo italiano implementou várias normas para restringir as atividades de barcos de ONGs que resgatam migrantes, acusando-os de comércio com travessias por mar.

Entre as medidas que entraram em vigor em 2023 está a obrigação de se apresentar ao porto “sem demora” após finalizar um resgate, mesmo que a ONG saiba que há outros migrantes em dificuldades na área. Além disso, nos últimos meses, são nomeados portos cada vez mais distantes para muitos embarques, independentemente das condições adversas.

Segundo números do ministério do Interior da Itália, as chegadas de migrantes por mar diminuíram consideravelmente neste ano, para 23.725 pessoas entre janeiro e 17 de junho, em comparação com 53.902 pessoas no mesmo período de 2023.

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