Palestino na Cisjordânia: O caso de Duma provocou indignação e temor, onde a convivência entre palestinos e colonos é muito tensa (Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2016 às 11h00.
Dois israelenses foram indiciados neste domingo por assassinato e cumplicidade em assassinato após terem incendiado, em julho de 2015, a casa de uma família palestina, matando três de seus membros, incluindo um bebê de 18 meses.
O procurador geral indiciou por assassinato Amiram Ben-Uliel, de 21 anos, originário de Shilo, uma colônia do norte da Cisjordânia ocupada, pela morte de Ali, Saad e Riham Dawabcheh na cidade palestina de Duma em 31 de julho, informou o ministério da Justiça em um comunicado.
Um menor de idade de 17 anos também foi indiciado por cumplicidade no assassinato.
O caso de Duma provocou indignação e temor na Cisjordânia, onde a convivência entre palestinos e colonos é muito tensa e levou, inclusive, os palestinos a organizarem grupos de defesa.
Também deixou em evidência as ações violentas dos extremistas judeus e provocou críticas às autoridades israelenses, acusadas de atuar com mais velocidade contra a violência palestina do que contra a judaica.
Da família palestina, apenas o pequeno Ahmed, de 4 anos, com queimaduras graves, permanece vivo, hospitalizado em Sheba. O menino ainda precisa passar por várias cirurgias, segundo uma fonte médica.
A família estava dormindo quando homens encapuzados jogaram artefatos incendiários pelas janelas da casa, que estavam abertas em consequência do forte calor.
As mensagens escritas na casa pelos criminosos e depoimentos de testemunhas permitiram identificar rapidamente os autores do ataque como extremistas judeus.
O bebê de 18 meses, Ali, morreu queimado vivo no incêndio, o pai, Saad Dawabcheh, de 32 anos, faleceu oito dias depois no hospital, enquanto a mãe, Riham, de 27 anos, faleceu meses depois, em 7 de setembro.
O ataque contra a família deflagrou uma onda de indignação dentro e fora de Israel, aumentando a pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu.
O serviço de Segurança Interna, Shin Bet, manteve os suspeitos sob detenção administrativa, chegando a negar-lhes a possibilidade de receberem um advogado durante parte do tempo em que estiveram presos e até a usar força física durante as investigações.
O Shin Bet negou ter usado métodos ilegais e cometido tortura, ressaltando que a investigação foi supervisionada pelo procurador Yehuda Weinstein.
Segundo a ata de acusação, Amiram Ben-Uliel deve responder por três assassinatos e uma tentativa de assassinado, incêndio criminoso e conspiração para cometer crime de motivação racista.
O menor de idade, cuja identidade não foi revelada, deve responder por conspiração para cometer um crime de motivação racista. Ele também é acusado de envolvimento no incêndio criminoso contra a Abadia da Dormição em Jerusalém, em maio de 2014.
Amiram Ben-Uliel e o menor, que residiam em diferentes colônias perto de Duma no momento do crime, conspiraram para vingar a morte de Malaquias Rosenfeld, um israelense morto por tiros palestinos perto do assentamento de Shilo, em junho de 2015, explica o comunicado do ministério.
Dois outros israelenses, incluindo outro menor de idade, foram indiciados por envolvimento em "outros atos terroristas", incluindo os incêndios na Abadia da Dormição e na Igreja da Multiplicação dos Pães, às margens do lago de Tiberíades, em junho de 2015, bem como atos de vandalismo contra propriedades palestinas.