Crime: a polícia descartou que tenha sido um ato de terrorismo e informou que mantém três pessoas sob custódia (Scott Olson/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2016 às 17h22.
Dois jovens de 14 e 18 anos morreram na Flórida em um tiroteio em uma boate que, segundo a polícia, não tem vínculos com o terrorismo, mas que ocorre quando o estado do sudeste dos EUA ainda se recupera do ataque maciço de um extremista islâmico em Orlando.
O incidente ocorreu na madrugada de segunda-feira ao final de uma festa para adolescentes no estacionamento da boate Club Blu em Fort Myers, um balneário costeiro 255 km a noroeste de Miami.
Pela manhã, a polícia descartou que tenha sido um ato de terrorismo e informou que mantém três pessoas sob custódia. Em uma coletiva de imprensa posterior, anunciou que ainda procura outros suspeitos.
A polícia identificou na manhã desta segunda-feira as vítimas fatais como Sean Archilles, de 14 anos, e Ste'fan Strauder, de 18. Segundo a imprensa local, este último era uma estrela local do basquete escolar.
Outros 20 jovens ficaram feridos, disse o governador da Flórida, Rick Scott, em uma coletiva de imprensa. A contagem da polícia dava conta de 16 feridos. Dois destes jovens estavam hospitalizados, um deles em situação crítica.
"Perdemos dois adolescentes. A gente não consegue imaginar que isto aconteça a nenhuma família. Nosso coração está com todos os afetados", disse o governador.
O chefe interino da polícia de Fort Myers, Dennis Eads, insistiu em que as investigações ainda estão em curso e que não fornecerá detalhes sobre os suspeitos.
"É uma investigação ativa", explicou Eads. "Temos três pessoas sob custódia e ainda estamos procurando outras", acrescentou.
"Fort Myers não é imune ao crime"
Ao chegar à cena do crime, que ocorreu por volta das 00h30 locais de segunda-feira (01h30 de Brasília), autoridades encontraram "uma cena muito caótica, ainda muito ativa", prosseguiu o chefe de polícia.
Várias ruas da cidade estavam fechadas ao tráfego na manhã desta segunda-feira.
O episódio ocorreu apenas seis semanas depois do pior massacre da história recente dos Estados Unidos, quando um extremista islâmico matou 49 pessoas, a maioria porto-riquenhas, na discoteca gay Pulse, em Orlando, no centro da Flórida.
Mas também ocorre um ano depois de outro tiroteio na mesma cidade. Em 18 de outubro de 2015, um homem morreu e quatro ficaram feridas em um festival "ZombiCon" em Fort Myers, onde anualmente aficionados dos mortos-vivos se reúnem fantasiados de zumbis.
"Fort Myers não é imune ao crime e infelizmente tivemos nossa cota de violência e tiroteios como outras cidades do país experimentaram", escreveu o prefeito Randall Henderson em um comunicado.
"Vimos acontecimentos como este ocorrer muitas vezes; mas quando ocorre um na nossa cidade, nos toca diretamente no coração", acrescentou.
Festa para adolescentes
"Não há nada pior que receber um telefonema às 3 da manhã para escutar que um dos seus amigos levou um tiro. Rezo por todos os afetados esta noite, é tudo muito louco", escreveu em sua conta no Facebook Brian Martin, um morador de Fort Myers que publicou fotos da cena do crime.
"Escutei os disparos e foi um verdadeiro caos, as pessoas gritavam e corriam", comentou, por sua vez, uma das testemunhas, Germaine Wilson, à filial local da rede NBC. "Era uma festa adolescente e as pessoas estavam levando tiros".
Tatianna Nouhaioi, moradora da região, contou ao canal ABC News: "Era uma festa para jovens adolescentes. Havia crianças. O menino que estava sobre meus joelhos tinha 14 anos e foi ferido a bala".
"E também havia uma menina que levou um tiro e tinha 13 anos. A filha de um dos vigilantes foi ferida a bala. Eram todos crianças de 13, 14, 15, 16 anos", lamentou.
O Club Blu explicou em um comunicado que o incidente ocorreu no estacionamento, quando a festa já tinha acabado: "Tudo aconteceu quando o clube estava fechando e os pais vinham buscar seus filhos".
"Estamos totalmente desolados por todos os afetados. Queríamos oferecer aos adolescentes o que pensávamos que era um local seguro para se divertir", escreveu.
Tiroteios deste tipo têm sacudido recentemente os Estados Unidos, onde as mortes por armas de fogo chegam a 90 por dia.
O debate sobre as armas se reacendeu depois dos atentados de Orlando e San Bernardino, na Califórnia, em 2 de dezembro de 2015, que provocou 14 mortos. Nos Estados Unidos, a Constituição garante o direito de portar armas de fogo.