Donald Trump e Emmanuel Macron na cúpula do G7: comunicado conjunto tocou em temas urgentes, mas não trouxe ações específicas para o meio ambiente (Philippe Wojazer/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 26 de agosto de 2019 às 15h06.
Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 15h20.
São Paulo – A cúpula do G7 chegou ao fim com um comunicado conjunto que traz os compromissos sobre uma série de questões globais urgentes, mas sem tocar no clima e no meio ambiente, temas que estremeceram a relação do governo Bolsonaro com a comunidade internacional nos últimos dias.
Embora o assunto tenha ficado de fora do documento, o G7 anunciou nesta segunda-feira, 26, desbloquear uma verba de cerca de R$ 91 milhões, para combater os incêndios florestais na Amazônia. O anúncio foi visto como "excelente" pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Já Bolsonaro questionou as intenções que estariam por trás da promessa.
O documento foi divulgado pela França, país que sediou o encontro entre os líderes dos países mais ricos do mundo, e tratou de assuntos como os protestos em Hong Kong, a crise nuclear com Irã e disposições de comércio internacional.
Abaixo, veja os compromissos assumidos por Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Justin Trudeau (Canadá), Boris Johnson (Reino Unido), Shinzo Abe (Japão), Donald Trump (Estados Unidos) e Giuseppe Conte (Itália).
Se antes era a Coreia do Norte que estava no meio de uma crise nuclear, a bola da vez é o Irã. No ano passado, os Estados Unidos subiram o tom das críticas em relação ao país e se retirou do acordo nuclear firmado em conjunto França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China. Para o G7, o objetivo nas relações com o país, daqui em diante, são dois: evitar que os iranianos desenvolvam armas nucleares e agir para manter a estabilidade na região.
Há mais de onze semanas sendo palco de protestos pró-democracia, Hong Kong enfrenta a sua pior crise política desde a devolução à China pelo Reino Unido em 1997. O G7 reafirmou a importância do tratado sino-britânico assinado pelos países em 1984 e que garantiu a autonomia da cidade em algumas áreas e o modelo “um país, dois sistemas”.
O grupo disse comprometido com “comércio aberto e justo”, bem como com a estabilidade da economia global. Firmou, ainda, a intenção de uma reforma na Organização Mundial do Comércio, especialmente focando na proteção à propriedade intelectual, e concordou em atuar para simplificar barreiras regulatórias.
Outro tema polêmico tratado no encontro foi a situação na Ucrânia. Foi justamente por causa da anexação da Crimeia, que fica na região leste da Ucrânia, em 2014, que a Rússia foi expulsa do grupo. Sobre esse assunto, o grupo prometeu reativar cúpula da Normandia, paralisada desde 2016, e que contará com a participação da França, Alemanha, Rússia e Ucrânia.
Neste ano, Vladimir Putin até passou pela França dias antes da cúpula para uma reunião bilateral com Macron que tratou de temas gerais. A Ucrânia, inclusive. Segundo a agência estatal de notícias da Rússia, Tass, Putin admitiu a possibilidade de o encontro acontecer.
A Líbia está no meio de uma violenta guerra civil. De acordo com estimativas da ONU, quase três mil pessoas já foram mortas em embates entre os grupos que disputam o poder no país, o Governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela entidade, e os rebeldes liderados por Khalifa Haftar. As potências do G7 se manifestaram em apoio a um cessar-fogo e uma solução política para o conflito.