Projeto de lei havia sido aprovado pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos na noite desta sexta-feira em resposta ao discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, feito na manhã desta sexta-feira (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2011 às 09h11.
Washington - O Senado dos Estados Unidos, controlado pelos democratas, rejeitou na noite desta sexta-feira uma proposta republicana aprovada pela Câmara dos Representantes que buscava evitar o fim do pagamento das dívidas do país no próximo dia 2 de agosto.
Os legisladores votaram em 59-41 contra a proposta apresentada pelo presidente da Câmara de Representantes, o republicano John Boehner, que buscava elevar o teto da dívida americana, atualmente em 14,3 bilhões de dólares, em duas etapas.
O líder dos democratas no Senado, Harry Reid, que planeja apresentar um projeto próprio no final de semana, disse esperar que o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, ajudará na conquista de um acordo orçamentário.
Líderes empresariais e financeiros advertiram que a moratória provocaria golpes devastadores a já frágil economia americana, que segue registrando altos níveis de desemprego neste período de recuperação da crise mundial de 2008.
O projeto de lei havia sido aprovado pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos na noite desta sexta-feira em resposta ao discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, feito na manhã desta sexta-feira.
Os legisladores da Câmara, dominada pelos adversários republicanos de Barack Obama, aprovaram o plano por 218 votos contra 210. Contudo, o Senado - onde os democratas são maioria - descartaram o plano do presidente da Câmara, John Boehner, e tentarão enviar seu próprio projeto.
Boehner teve dificuldades para reunir os votos para seu plano, que como ele mesmo sabe, é destinado ao fracasso. Consciente de que não contava com os votos necessários para aprovar o projeto, o líder republicano postergou na quinta-feira à noite a votação.
Para ganhar mais votos de seu partido, Boehner agregou na sexta-feira a seu projeto uma emenda constitucional para impor um "orçamento equilibrado", muito apreciado pela direita.
O plano de Boehner, que tem duas etapas, inclui um primeiro aumento do teto da dívida de mais de 900 bilhões de dólares a troco de reduções orçamentárias ao longo de dez anos. Um segundo aumento aconteceria no início de 2012, em plena campanha para os comícios presidenciais e legislativos de novembro.
O atual teto da dívida está em 14,294 trilhões de dólares. Os democratas rejeitam firmemente um plano em duas etapas e preferem um único aumento do limite legal da dívida pública que possa manter-se até 2013.
Na manhã desta sexta-feira, Obama exortou o Congresso a selar um compromisso para evitar um default dos Estados Unidos, ante a ausência de avanços nas negociações e num momento em que o país registra um fraco crescimento econômico.
"Já não resta muito tempo", advertiu Obama na Casa Branca, convocando os americanos a manter a pressão sobre o Congresso para que encontrem uma solução rápida para a crise atual.
O presidente convocou seus aliados democratas e adversários republicanos a encontrar uma solução: "não é uma situação na qual as duas partes estejam a quilômetros de distância", estimou.
"Agora está claro que qualquer solução para evitar o default deve ser bipartidária. Deve haver apoio de ambos os partidos que foram enviados aqui para representar o povo americano. Não apenas uma parte", afirmou.
A agência de classificação financeira, Moody's, por sua vez, disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos provavelmente conservarão a nota máxima 'AAA' de sua dívida pública.
"Nossa previsão é que os Estados Unidos continuarão pagando sua dívida a tempo e que nosso exame da possibilidade de uma redução da nota tem mais probabilidades de ser concluído em uma confirmação da nota AAA que o inverso", afirmou Moody's em uma nota de investigação sobre os Estados Unidos.
Se antes de 2 de agosto não for enviado à Casa Branca um projeto de lei para elevar o teto da dívida, a maior economia do mundo perderá sua capacidade de endividar-se e correrá o risco de um catastrófico default.
A incerteza diante do impacto na economia mundial de um possível default americano gera preocupação em muitos países, em especial na China, o país que mais possui títulos do Tesouro americano, com 1,16 trilhão de dólares em meados de maio, segundo Washington.
O jornal econômico Jingji Cankao Bao considerou que a "China deve se preparar para um desmoronamento dos mercados financeiros internacionais".
A agência Nova China acusou os legisladores americanos de serem "perigosamente irresponsáveis" e afirmou que o mundo "é novamente refém" das disputas internas dos Estados Unidos. Também alertou contra um risco de recessão mundial caso um acordo não seja alcançado.
Por outro lado, o governo americano publicou nesta sexta-feira números de crescimento que mostram que a maior economia mundial ficou estagnada desde o início do ano. A um ritmo anual de 1,3%, o crescimento no segundo trimestre foi claramente mais lento que o esperado pelos analistas, que previam 1,8%.
"Os riscos não poderiam ser maiores. A segurança de nossa nação e de cada família é o que está em jogo", disse a jornalistas Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado.
Reid instou os rivais republicanos a apoiar seu plano, o que elevaria o limite da dívida em 2,4 trilhões de dólares até março de 2013.
Um líder o Federal Reserve americano (Fed), James Bullard, afirmou nesta sexta-feira à rede CNBC que a ausência de acordo no Congresso sobre o teto da dívida teria "consequências irreversíveis" para a maior economia mundial.