Mitt Romney fala com Barack Obama no primeiro debate das eleições de 2012, em Denver (Jim Bourg/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 07h34.
Denver - Os candidatos à Presidência dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney, trocaram nesta quarta-feira, em seu primeiro duelo em Denver (Colorado), duros ataques sobre seus respectivos planos tributários e suas receitas para a criação de empregos e o fortalecimento da classe média.
"Há quatro anos disse que não sou um homem perfeito e que não seria um presidente perfeito, mas também prometi lutar a cada dia pelo povo americano, pela classe média e por aqueles que lutam para chegar a ela", disse Obama ao garantir que seguirá com o mesmo empenho se emplacar o segundo mandato.
Obama reiterou sua chamada para um 'patriotismo econômico' a fim de fortalecer a classe média, e ao longo da noite afirmou que o plano tributário de Romney favorece os ricos.
Romney, por sua vez, defendeu seu plano para reativar a economia mediante a independência energética, a ampliação de acordos comerciais - especialmente com a América Latina -, investimentos na educação, um orçamento equilibrado e a defesa das pequenas empresas.
O republicano, declarado vencedor do debate por alguns dos principais meios da imprensa americana, acusou Obama de querer ampliar a intervenção do governo se tiver um segundo mandato.
Nesse sentido, Romney reiterou a queixa republicana de que Obama quer levar o país pelo caminho da Espanha, que, segundo ele, dedica 40% de sua economia a gastos públicos.
O debate se centrou em temas da política interna, mas as diferenças a respeito dos cortes tributários dominaram mais de meia hora do encontro.
Ambos deixaram claras suas diametrais diferenças em torno da educação, da reforma do sistema de saúde e das mudanças nos programas sociais.
Em uma tensa troca de acusações, Obama disse que Romney quer impulsionar um plano de cortes tributários de US$ 5 trilhões e aumentar as despesas militares em US$ 2 trilhões.
"O bom senso, a matemática e a nossa história nos mostram que essa não é uma receita para o crescimento do número de empregos", avaliou Obama.
Romney corrigiu as 'imprecisões' de Obama e duas vezes repetiu que não faria cortes tributários 'que aumentem o déficit'.
Nenhum ataque ficou sem resposta, apesar da impressão de que Romney teve um melhor controle do diálogo.
Embora a Administração Obama tenha dito que a reforma migratória é um imperativo moral e uma necessidade econômica, o assunto não surgiu no debate. Também ficou de fora da pauta o vídeo em que Romney critica os 47% dos americanos que não pagam impostos federais.
Simultaneamente, as campanhas de Obama e Romney emitiram vários comunicados para continuar atacando as posturas do seu oponente.
Em declarações à Agência Efe, tanto o legislador republicano pela Flórida, Mario Díaz-Balart, como o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani afirmaram que Romney foi o claro vencedor.
"Acho que o debate desta noite mudará a dinâmica desta eleição porque, repito, poucas vezes vi um debate deste nível. Será decisivo nestas eleições", avaliou Díaz-Balart.
"Excedeu as expectativas. Mostrou-se encantador, gentil, amável, mas ao mesmo tempo se manteve firme e muito preciso, enquanto o presidente Obama pareceu às vezes confuso, perdido", considerou Giuliani.
A campanha de Obama apresentou uma leitura distinta. Tanto o gerente da campanha, Jim Messina, como seu principal assessor, David Plouffe, insistiram que Obama é o candidato em que os eleitores podem confiar.
"Romney se manteve na defensiva toda a noite sobre os elementos mais importantes da sua campanha. O cidadão em casa viu um presidente no qual podem confiar, que defende a classe média e tem um plano específico para criar empregos", disse Plouffe.
Messina assegurou que Romney não conseguiu 'a grande noite' que buscava e 'quem estava vendo tudo isso pela televisão dirá que esse não é o homem que quero como presidente'.
As redes sociais também refletiram a fragmentação do país, com grupos democratas e republicanos igualmente convencidos de que seu candidato teve a melhor atuação da noite.
O objetivo de Romney era convencer os indecisos de que o futuro rumo traçado por Obama 'não é o correto' e que a eleição de novembro será um referendo sobre suas 'fracassadas' políticas.
Obama defendeu seu próprio plano de cinco pontos para criar empregos e reiterou seu argumento de que necessita de um segundo mandato para concluir a tarefa de sanar a economia.
O debate aconteceu em um dos nove estados mais importantes nesta disputa. Obama ganhou no Colorado em 2008, e a 35 dias do pleito as enquetes lhe dão vantagem sobre Romney nesse estado.
Nesta quinta-feira, Romney visitará a Virgínia, enquanto Obama fará campanha no Colorado e em Wisconsin. Ambos voltarão a enfrentar-se em Hempstead (Nova York) no próximo dia 16.