A metade dos participantes dos distúrbios tinha menos de 20 anos e a maioria deles procedia de famílias com poucos recursos que viviam de subsídios estatais (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2011 às 12h41.
Londres - As pessoas que participaram dos distúrbios de agosto na Inglaterra, os piores das últimas décadas, eram muito jovens e com poucos recursos econômicos, mas apenas uma minoria pertencia a gangues.
Um estudo realizado pelos ministérios da Justiça e do Interior apresentado nesta segunda-feira informa que, contra o que alguns políticos afirmaram, as gangues quase não tiveram influência nos distúrbios.
Durante cinco dias consecutivos, jovens em Londres e outras cidades inglesas incendiaram veículos e casas e destruíram lojas, o que obrigou a pôr na rua centenas de policiais.
De acordo com o estudo, a polícia prendeu quatro mil pessoas, das quais duas mil deveriam comparecer à Justiça por diversas acusações de desordem pública.
Segundo a análise oficial, 90% daqueles que compareceram nos tribunais eram homens e só 5% eram maiores de 40 anos, enquanto apenas 13% pertenciam a alguma gangue.
A metade tinha menos de 20 anos e a maioria deles procedia de famílias com poucos recursos que viviam de subsídios estatais.
Além disso, os ministérios identificaram que dois terços dos jovens processados tinham algum tipo de problema de aprendizagem na escola e algum antecedente penal.
Estes dados também mostram que a maioria dos jovens que participaram dos distúrbios procedia de alguma das áreas mais pobres do Reino Unido. Os resultados, baseados em dados disponíveis nos dois ministérios até meados de outubro, podem reabrir o debate sobre a influência das gangues nos incidentes de agosto.
As gangues 'não desempenharam um papel vital', especificou o relatório oficial.
O primeiro-ministro, David Cameron, havia afirmado que as gangues eram a raiz do problema e rejeitou que as medidas de austeridade impostas por seu Governo no ano passado para reduzir o déficit público influenciaram nos distúrbios.
Segundo os dados divulgados nesta segunda-feira, foram contabilizados 500 delitos durante um período de cinco dias.