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Distúrbios em Hong Kong durante eleição crucial para democratas

Jovens ativistas foram vaiados por algumas pessoas perto de um local de votação quando pretendiam manifestar apoio ao candidato Au Nok-hin

 (Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de março de 2018 às 11h46.

Ativistas do "movimento dos guarda-chuvas" foram vaiados por nacionalistas chineses neste domingo em Hong Kong, o que provocou momentos de grande tensão no dia em que a cidade semiautônoma vota em polêmicas eleições legislativas parciais após a inabilitação de seis deputados pró-democracia.

As eleições, organizadas após a destituição pela justiça de um grupo de legisladores que havia pronunciado discursos de protesto ao tomar posse em seus cargos em 2016, voltou a ilustrar a profunda divisão que existe entre a população de Hong Kong.

A China elevou consideravelmente o tom contra qualquer forma de contestação de sua soberania sobre esta ex-colônia britânica e proibiu as candidaturas de alguns moderados porque defendiam a autodeterminação da cidade.

Em 2016, Pequim obteve a destituição de seis deputados que mudaram a frase do juramento. Alguns eram veteranos da luta pela democracia em Hong Kong, outros eram membros de um novo movimento radical que pede independência.

Este domingo estavam em disputada quatro das seis cadeiras vagas, em particular a de Nathan Law, um dos rostos mais conhecidos dos protestos de 2014, conhecido como "movimento dos guarda-chuvas", ao lado de Joshua Wong e Agens Chow.

Os três jovens ativistas foram vaiados por algumas pessoas perto de um local de votação quando pretendiam manifestar apoio ao candidato Au Nok-hin.

"Traidores", gritou um homem, que proferiu insultos e fez gestos obscenos para os três.

"Votar é ainda mais necessário quando existem restrições à liberdade de expressão", afirmou Joshua Wong.

"A eleição não é apenas sobre me escolher como candidato, também é sobre votar pela justiça", disse Au Nok-hin, que se apresentou para a disputa depois que Agnes Chow foi impedida.

Judy Chan, política ligada ao governo, criticou a oposição, que acusou de provocar "violência e resistência".

"A eleição parcial é uma chance para a maioria silenciosa, que está cansada de um Hong Kong politizado, que detesta aqueles que humilham o país, para dizer a esses políticos que Hong Kong não tem espaço para eles", disse Chan à AFP.

Os seis legisladores foram expulsos dos cargos pelo tribunal superior de Hong Kong depois que Pequim emitiu uma "interpretação" especial da mini-constituição da cidade, estipulando que os legisladores tinham que prestar seu juramento "solenemente e sinceramente" ou enfrentar o banimento.

Alguns legisladores pró-democracia inseriram impropérios e exibiram cartazes que diziam "Hong Kong não é a China" durante a posse. Outros acrescentaram frases apoiando o movimento democrático.

O campo pró-democracia surgiu contra a crescente pressão desde o fracasso do movimento dos guarda-chuvas em ganhar uma reforma política, com alguns ativistas líderes presos por acusações relativas a protestos.

Apenas metade da legislatura é eleita, sendo o resto selecionado por grupos de interesse tradicionalmente pró-establishment.

Das 70 cadeiras, o lado pró-democracia atualmente ocupa 24, um pouco mais que o mínimo necessário de um terço para vetar leis importantes.

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