O militante cego: ''Atualmente, a situação de direitos humanos na China está se deteriorando'' (©AFP / Mark Ralston)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2012 às 18h57.
Washington - O dissidente cego chinês Chen Guangcheng pediu nesta quarta-feira em Washington, em sua primeira visita ao Congresso americano desde que chegou no país, em maio, a ajuda dos EUA e da comunidade internacional para possibilitar uma transição democrática na China.
Na entrevista coletiva após o encontro com alguns dos principais líderes da Câmara dos Representantes, o dissidente advertiu sobre a deterioração da situação dos direitos humanos na China e se queixou de não ter sido informado sobre as investigações da ''extensa opressão'' a que foi submetido na província de Shandong.
''Atualmente, a situação de direitos humanos na China está se deteriorando. Há uma grande crueldade derivada dos esforços para manter a estabilidade social, o que produz uma situação onde não há ética, nem império da lei ou justiça'', queixou-se Chen.
''Quanto mais as pessoas perderem o medo e exigirem seus direitos, mais a mudança na China é inevitável. Portanto, em um momento crítico de transição, espero sinceramente que os EUA, e todas as demais nações que abraçam valores fundamentais do constitucionalismo, da democracia, da liberdade e da lei, apoiem e ajudem para uma transição tranquila na China'', afirmou.
''Me sinto muito feliz e esperançoso de estar rodeado de congressistas para avaliarmos que medidas tomar na China, e espero também que Barack Obama, sua administração e a liderança americana continuem trabalhando pelos direitos humanos na China'', enfatizou Chen, que deve publicar suas memórias em 2013.
O dissidente foi detido em 2006 após denunciar a política do governo chinês que proíbe as mulheres de ter mais de um filho.
O ativista protagonizou um intenso drama diplomático entre EUA e China depois que fugiu de uma prisão domiciliar em abril e buscou refúgio na embaixada americana em Pequim.
Posteriormente, no meio de uma extensa cobertura midiática, Chen se mudou para Nova York, em maio, após receber uma bolsa de estudos.
Na entrevista coletiva, Chen citou o caso de seu sobrinho, Chen Kegui, que foi assediado pelas autoridades chinesas depois que o ativista foi para os EUA com sua família.
De acordo com Chen, as autoridades invadiram o domicílio do sobrinho, que para evitar ser espancado ''teve que se defender com uma faca''. Seu caso, afirmou Chen, é ''essencialmente uma continuação do meu''.
O presidente da Câmara baixa dos EUA, o republicano John Boehner, informou que apesar de seu país ter importantes vínculos econômicos com a China, também tem a obrigação de ''pressionar por reformas democráticas e pela defesa direitos humanos''.